Água potável

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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Chamamos de água potável a fração de toda a água doce do mundo que apresenta condições sanitárias aceitáveis para o consumo humano e uso na pecuária e agricultura. Os parâmetros que definem a potabilidade da água são definidos por órgãos nacionais e internacionais e devem ser seguidos rigorosamente a fim de permitir o acesso a fontes de água limpa para todos. Contudo, sabe-se que existem populações de baixa renda que habitam locais periféricos distantes dos centros urbanos e dos serviços de abastecimento de água e esgoto que sobrevivem utilizando fontes de água não seguras.

Segundo a ONU, o acesso a água de boa qualidade varia fortemente de acordo com o local em que uma população vive. Os países africanos e muitos países asiáticos possuem as piores condições, variando entre 40 e 50% a parcela da população total em cada país sem possibilidade de obter água potável. Outros locais com uma porcentagem considerável de pessoas vivendo em stress hídrico incluem partes da América Latina nos quais as pessoas vivem em áreas secas e quentes, como é o caso de uma parte do nordeste brasileiro.

As fontes de água potável mais comuns são nascentes de rios, lagos e represas de abastecimento de água, sistemas de cisternas e poços ou ainda a extração de água subterrânea de aquíferos. Em muitos locais também é feita a captação de água da chuva para consumo ou uso doméstico. Na Austrália, um país com um clima extremamente seco e uma grande porção territorial desértica, uma fonte alternativa de água são as usinas de dessalinização da água do mar. O grande problema deste processo são os custos envolvidos, impossibilitando sua aplicação em países economicamente menos favorecidos.

A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) é uma pioneira na manutenção e distribuição de água potável no Brasil. Ela utiliza os índices de qualidade estabelecidos pela NSF (National Sanitation Foundation), um órgão dos Estados Unidos internacionalmente reconhecido pelo estabelecimento de parâmetros e critérios sanitários. O índice utilizado no estado de São Paulo e em muitos outros estados brasileiros é composto por nove critérios: oxigênio dissolvido na água, coliformes termotolerantes, pH, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e resíduos totais.

Em relação ao oxigênio dissolvido na água, os valores aceitáveis se encontram na faixa acima de 5 mg/L e abaixo de 10 mg/L. Isso porque valores muito baixos de oxigênio indicam uma grande quantidade de matéria orgânica na água (tipicamente após uma contaminação por resíduos urbanos), ocorrendo uma grande taxa de decomposição que consome o O2. Por outro lado, taxas elevadas de oxigênio indicam uma situação de eutrofização da água, em que o excesso de nutrientes causa um crescimento descontrolado do fitoplâncton. Os coliformes são bactérias naturalmente encontradas no trato digestivo de vertebrados e na maior parte das vezes elas não causam doenças. No entanto, uma alta concentração dessas bactérias na água pode indicar a presença de outros microrganismos com potencial patogênico.

O pH indica possíveis contaminações químicas, devendo ser mantido próximo a neutralidade (entre 6 e 8). A DBO é um indicador diretamente relacionado a quantidade de matéria orgânica presente, podendo revelar o descarte de esgoto na água. A temperatura é outro fator envolvido com possíveis contaminações físico-químicas (como o descarte de resíduos industriais aquecidos). Quando este parâmetro é estimado, leva-se em conta as variações diárias e sazonais de temperatura que são naturais aos corpos hídricos. O nitrogênio e o fósforo totais são importantes nutrientes para a biota aquática e sua concentração elevada indica poluição industrial ou através de esgoto. Ambos favorecem o crescimento algal e aceleram o processo de eutrofização, causando grande prejuízo à qualidade da água.

A turbidez é um parâmetro físico que relaciona a quantidade de substâncias sólidas dispersas na água e que impedem a passagem de luz, reduzindo assim a atividade fotossintética. A erosão, o escoamento de água de locais impermeabilizados nas cidades e a contaminação proveniente de zonas de mineração são os principais fatores que alteram a turbidez. Por fim, a quantidade de resíduos totais são as substâncias presentes no fundo dos corpos hídricos, avaliados após a secagem das amostras de água.

Referências:

Batalha, B.H.L., Parlatore, A.C. and de Saneamento Ambiental, C.D.T., 1977. Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano; bases conceituais e operacionais. In Controle da qualidade da água para consumo humano; bases conceituais e operacionais. Cetesb.

Porter, M.G., Downie, D., Scarborough, H., Sahin, O. and Stewart, R.A., 2015. Drought and Desalination: Melbourne water supply and development choices in the twenty-first century. Desalination and Water Treatment, 55(9), pp.2278-2295.

World Health Organization, 2004. Guidelines for drinking-water quality: recommendations (Vol. 1). World Health Organization.

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Arquivado em: Água, Saúde
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