Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
De certo, ao declamar este verso, nota-se que se trata da “Canção do exílio”, uma das grandes poesias conhecidas da Língua Portuguesa, de maior circulação no ensino de Literatura Brasileira, muito cobrada em vestibulares e concursos. Escrita por Antônio Gonçalves Dias, filho de dois refugiados: a mestiça Vicência Ferreira e o comerciante português, João Manuel Gonçalves Dias.
O poeta nasceu em 10 de agosto de 1823, em Caxias, Maranhão. Em alguns anos, já crescido, fora matriculado por seu pai, que desfrutava do segundo casamento, nas aulas do Professor Ricardo Leão Sabino, onde era instruído com aulas de Latim, Francês e Filosofia. João Manuel, seu pai, faleceu em 1838 e deixou Gonçalves aos cuidados da madrasta, que o ajudou a matricular-se no curso de Direito em Coimbra e a prosseguir com seus estudos em Portugal. Ainda em Coimbra associou-se ao grupo de poetas medievalistas e em 1843 escreve a “Canção do exílio”. Embora a condição financeira familiar estivesse restrita, Gonçalves prosseguiu seus estudos com a ajuda de seus amigos e formou-se em 1845.
Ainda em 1845, o poeta retorna ao Brasil e transfere-se para o Rio de Janeiro, residindo no Estado de 1846 a 1854. Nestes anos de residência fixa, Gonçalves escreve “Leonor de Mendonça”, no ano de 1846, todavia sua obra é impedida pelo Conservatório do Rio de Janeiro por conter termos inadequados, mas o poeta responde à altura e publica Primeiros contos “Poesias americanas” elogiadas no artigo de Alexandre Herculano, logo após “Segundos Cantos” e “Sextilhas de Frei Antão”.
Gonçalves dias fora nomeado professor de Latim e História do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro em 1849 e no mesmo ano funda juntamente com Macedo e Porto-Alegre a revista Guanabara. O grande poeta, professor, etnólogo e crítico historicista encerra sua fase poética publicando “Últimos contos” em 1851.
Suas obras têm declínio nacionalista, de forma que encontramos inspiração pela natureza, religião, além de conter seu caráter e temperamento explícito no eu-lírico.
As obras com temas indígenas, contidas em suas poesias como “I-Juca-pirama”, o consagraram juntamente com José de Alencar, como um dos maiores representantes do Romantismo brasileiro. Gonçalves vivia em um turbilhão de sentimentos desde que teve sua primeira paixão, Ana Amélia Ferreira do Vale, a qual não pode desposar por discordância da mãe da menina. Devido a sua decepção amorosa, contraiu matrimônio com Olímpia Carolina da Costa, em 1852. O casal separou-se em 1856, depois da morte de sua filha. De 1857 a 1864, o poeta viajou por diversos países, expondo e traduzindo suas obras. Ao partir de Lisboa para o Brasil o patrono da cadeira n°15 da Academia Brasileira de Letras naufraga no Havre no navio Ville de Boulogne, no Baixio de Atins, nas costas do Maranhão e morre precocemente aos 41 anos de idade.
Principais Obras:
Primeiros contos, poesia (1846); Leonor de Mendonça, teatro (1847); Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão, poesia (1848); Últimos cantos (1851); Cantos, poesia (1857); Os Timbiras, poesia (1857); Dicionário da língua tupi (1858); Obras póstumas, poesia e teatro (1868-69); Obras poéticas, org. de Manuel Bandeira (1944); Poesias completas e prosa escolhida, org. de Antonio Houaiss (1959); Teatro completo (1979).
Referência:
Letras, Academia Brasileira. Disponível em < http://www.academia.org.br/academicos/goncalves-dias/biografia>;
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/goncalves-dias/