Homo erectus

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Homo erectus é considerada a mais longeva espécie do gênero homo, tendo vivido aproximadamente entre 1,9 milhões e 110 mil anos atrás. Pesquisadores acreditam ter se originado no Cáucaso a partir de um grupo de Homo habilis, migrando de volta a África, para a Europa e Ásia.

O Homo erectus foi provavelmente o precursor de subespécies e espécies do gênero homo, como o H. antecessor, H. floresiensis, H. heidelbergensis e H. denisovano.

O tempo do Homo erectus trouxe transformações biológicas e culturais significativas herdadas pelas espécies sucessoras. Destas mudanças podemos citar a menor quantidade e/ou menor espessura dos pelos, a proporção dos membros superiores e inferiores, a postura ereta terrestre. Posteriormente também desenvolveu a prática da caça e o controle do fogo.

Reconstrução do Homo Erectus “Menino de Turkana”. Museu Neanderthal, Alemanha. Foto: Neanderthal Museum / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

A descoberta do primeiro vestígio coube ao paleoantropólogo holandês Eugéne Dubois (1848-1940). O fóssil foi encontrado entre 1890 e 1895 na ilha de Java (atual Indonésia), quando esta era uma parte do império colonial holandês, por isto é mais conhecido como “Homem de Java”.

A princípio Dubois o nomeou de Pithecanthropus erectus, pensando se tratar de um elo perdido entre o homem e os macacos, completamente adaptado ao bipedismo. Porém, à medida que novos fósseis e evidências surgiram em outras partes do mundo (imagem abaixo), cientistas descartaram se tratar de um Pithecanthropus, mas sim de uma espécie do gênero homo. Homo erectus.

Sítios onde foram encontrados fósseis relacionados ao Homo erectus. Mapa: https://www2.palomar.edu/anthro/homo/homo_2.htm

Características

O crânio do Homo erectus (imagem abaixo) era maior que o de seu antecessor, Homo habilis, e menor que dos sucessores Homo neanderthalensis e sapiens. Dependendo de diferentes condições, sua caixa cranial poderia medir entre 700 e 1200 cm³, mas em comum tinham a face plana. Sua altura poderia variar entre 1,40 e 1,80 metros.

Os ossos eram mais espessos que dos Homo sapiens, indicando que sua sobrevivência dependia da superação de condições físicas mais pesadas. A ponte nasal proeminente revela que o Homo erectus foi uma espécie adaptada a tempos frios e secos, o que ajudou em sua rápida dispersão para ambientes de temperaturas mais baixas fora do continente africano.

Crânio do Homo erectus KNM ER 3733, no Museu do Quênia. Foto: Akrasia25 / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

Outra característica marcante do Homo erectus foi sua capacidade de produzir novas, mais eficientes e sofisticadas ferramentas de pedra, como bifaces e machados de mão. Essa produção ficou conhecida como cultura Acheuliana, cujo surgimento é concomitante a manifestação do chamado Homo ergaster, como era conhecido o Homo erectus.

Vestígios desta cultura se encontram em diversas partes do mundo e indicam a capacidade de dispersão desta espécie de hominina. Há indícios também que o Homo erectus foi o primeiro a usar o fogo, aproveitando-se de raios ou incêndios.

Homo erectus: dispersão e evolução

Um tipo sem nome definido de Homo erectus surgiu na África entre 1,8 e 1,5 milhões de anos atrás, sem os pelos do corpo e com a pele escura. Este se espalhou rapidamente pela Europa posteriormente chegando na Ásia, onde além do fóssil encontrado em Java, há também um exemplar encontrado na China durante a década de 1920, conhecido como “Homem de Pequim”. Pesquisadores encontraram uma série de vestígios humanos junto a diversas ferramentas.

Marcas nas ferramentas construídas por esta espécie indicam diferenças regionais entre os grupos de Homo erectus. Além do mais, vestígios apontam que o uso do fogo controlado ocorreu a primeira vez em África por um grupo de Homo erectus. Isto por volta de 1 milhão de anos atrás. A capacidade de cozer os alimentos reduziu gradativamente a arcada e os dentes dos seus sucessores, permitindo também a absorção de novos nutrientes.

Leia também:

Referências:

EVOLUÇÃO e dispersão dos hominídeos (Parte 1: origem das espécies) (#Pirula 338.1). Publicado pelo Canal do Pirula. [S. l.: s. n.]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8ox6Ff2SbWw. Acesso em: 11/09/2021

LEAKEY, Richard. Os homens fósseis africanos. Em: KI-ZERBO, Joseph et al. História Geral da África, Vol. I: Metodologia e pré‐história da África. UNESCO, 2010.

LEAL, Elaine. Descoberta de ferramentas de pedra lascada na Jordânia leva à reinterpretação dos rumos da evolução humana. Setor de Ciências da Terra, UFPR. 08 de Julho de 2019. Disponível em: http://www.terra.ufpr.br/portal/blog/2019/07/08/descoberta-de-ferramentas-de-pedra-lascada-na-jordania-leva-a-reinterpretacao-dos-rumos-da-evolucao-humana/. Acesso em: 10/09/2021.

TOBIAS, V. Philip; RIGHTMIRE, G. Philip. Homo erectusEncyclopaedia Britannica. 13 de novembro de 2020. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/Homo-erectus. Acesso em: 09/09/2021

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: