A Revolta dos Perdidos foi um conflito que se estendeu entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980.
No final da década de 1960, formou-se um movimento guerrilheiro na região amazônica brasileira seguindo o traçado do Rio Araguaia. O movimento foi criado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma dissidência armada do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que queria promover uma revolução socialista no Brasil iniciada no campo. Seguindo os exemplos ocorridos na China e em Cuba, os militantes da revolução estavam dispostos a combater as Forças Armadas brasileiras pelo ideal defendido. O confronto tornou-se direto em 1972, colocando em choque os 80 militantes da revolução e o exército nacional. O evento ficou conhecido como Guerrilha do Araguaia e terminou com a vitória das forças federais, restando menos de 20 revolucionários vivos. Entre os mortos, muitos ainda são considerados desaparecidos políticos.
Alguns poucos anos mais tarde outro levante armado ocorreu. Organizado de modo silencioso, militantes se reuniram na área municipal de Piçarra do Pará, mesma região onde, até 1974, travou-se a Guerrilha do Araguaia. O novo movimento foi uma continuação do primeiro. Os moradores apoiaram o movimento organizado pelo PCdoB e contaram com a colaboração de grileiros e posseiros locais e promover uma revolta contra o Incra. Insatisfeitos com o trabalho de remarcação de lotes, eles marcharam até o acampamento dos trabalhadores do Incra para atacar pela manhã, mas dois traidores do movimento informaram a polícia, que logo se deslocou para o local e impediu o ataque. Os manifestantes foram obrigados a fugir pela mata, onde se esconderam.
Por ser uma continuação da Guerrilha do Araguaia, este novo levante é conhecido também como Segunda Guerrilha do Araguaia. No entanto, em função da desordem, das desistências e das traições no desenvolvimento do plano de ataque, o evento é mais conhecido como Guerra dos Perdidos ou Revolta dos Perdidos. Dos quase 200 homens que se reuniram no dia 26 de outubro de 1976 para elaborar uma estratégia de ataque aos funcionários do Incra, apenas 36 se apresentaram para o combate efetivo. Surpreendidos pela polícia, que havia sido informada pelos dois traidores, foram forçados a se esconder na mata, sob muitos disparos de armas de fogo. Cessados os ataques da polícia, os sobreviventes revidaram. Mas o levante foi sufocado e vencido pelas tropas oficiais. Após o confronto, a polícia cercou os povoados vizinhos em busca de mais militantes do movimento. Porém relatórios do Serviço Nacional de Informação alegam que havia muitos policiais corruptos que retiravam famílias de suas casas à força, abusavam da violência e violentavam mulheres.
A Revolta dos Perdidos se prolongou silenciosamente com opressões e algumas revoltas pontuais até o final da década de 1980.
Fontes:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,guerra-dos-perdidos,655609,0.htm
http://www.simposioproducaosocial.org.br/Trabalhos/101.pdf
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/revolta-dos-perdidos/