Escolas Literárias

Mestra em Letras e Linguística (UFG, 2016)
Licenciada em Letras-Português (UFG, 2009)

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Escola literária é o termo empregado para se referir a um estilo de época no campo da Literatura. Com o objetivo de facilitar seu estudo, a Literatura brasileira é tradicionalmente dividida em escolas ou movimentos literários, como também são chamados.

Observe no quadro a seguir as escolas literárias da Literatura brasileira, suas principais características e autores.

Trovadorismo (século XII)

Autores: Arnault Daniel, Raimbaut d'Aurenga, Bernart de Ventadorn, Chrétien de Troyes.

  • Arte gótica;
  • Textos orais acompanhados de instrumentos musicais: cantigas líricas e satíricas, novelas de cavalaria e biografias de santos;
  • Literatura voltada para entreter e agradar à nobreza;
  • Redefinição do papel dos cavaleiros nas cortes;
  • Teocentrismo;
  • Ênfase ao sofrimento provocado pelo amor não correspondido;
  • Linguagem: vassalagem amorosa (criação de estruturas literárias equivalentes às da relação de vassalagem);
  • Submissão do trovador à dama.
  • Leia mais: Trovadorismo

Humanismo (século XV)

Autores: Gil Vicente, Fernão Lopes, Dante Alighieri.

  • Resgate de valores clássicos;
  • Olhar racional para o mundo;
  • Soneto como forma poética fixa;
  • Literatura voltada para entreter e agradar à nobreza;
  • Poesia palaciana (trova, vilancete, cantiga e esparsa);
  • Peças teatrais: crítica e humor;
  • Maior circulação e popularização literária.
  • Leia mais: Humanismo

Classicismo (século XVI)

Autores: Miguel de Cervantes, Petrarca, William Shakespeare, Luís de Camões.

  • Arte Renascentista;
  • Valorização das realizações individuais;
  • Resgate de formas da Antiguidade;
  • Distinção entre a literatura e a música;
  • Clareza, harmonia e equilíbrio;
  • Natureza como referencial de harmonia;
  • Na poesia lírica, o amor é tema recorrente, considerado sentimento puro, absoluto;
  • Devoção à mulher amada;
  • Na poesia épica, o heroísmo é retomado;
  • Necessidade de aproveitar o momento (carpe diem);
  • Racionalidade na observação e na interpretação da realidade;
  • Antropocentrismo;
  • Linguagem marcada pelo uso de antíteses e paradoxos
  • Formas poéticas: sonetos, odes e elegias (versos decassílabos).
  • Leia mais: Classicismo

Barroco (final do séc. XVI a início do séc. XVIII)

Autores: John Donne, Padre Antônio Vieira, Quevedo, Luis de Góngora, Gregório de Matos

  • Resgate dos valores cristãos;
  • Angústia, tensão, instabilidade;
  • Temáticas recorrentes: fragilidades humanas, fugacidade do tempo, beleza passageira, amor contraditório;
  • Poesias lírica, sacra e satírica;
  • Textos escritos para causar espanto no leitor;
  • Cultismo: poesia com jogos de palavras, construções e imagens;
  • Conceptismo: prosa com conceitos, argumentos e ideais;
  • Rebuscamentos linguístico e formal.
  • Ênfase à criação de metáforas;
  • Recorrência do uso de figuras de linguagens como antíteses, paradoxos e hipérboles;
  • Textos persuasivos (sermões).
  • Leia mais: Barroco

Arcadismo (século XVIII)

Autores: Voltaire, Molière, Jean Racine, Jonathan Swift, Manuel du Bocage, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarega, José Basílio da Gama, Frei José de Santa Rita Durão.

  • Arte como imitação da natureza;
  • Natureza como medida de equilíbrio e harmonia;
  • Literatura como instrumento de divulgação de uma sociedade mais justa e igualitária;
  • Tentativa de modificação da mentalidade das elites;
  • Racionalismo;
  • Equilíbrio entre a razão e o sentimento;
  • Iluminismo;
  • Resgate de temas e da simplicidade das formas clássicas;
  • Formas poéticas: sonetos, canções, odes e elegias;
  • Combate à artificialidade verbal;
  • Linguagem simples, clara e objetiva;
  • Uso de pseudônimos pelos autores;
  • Utilização de pastores e pastoras de ovelhas e gado como musas e amadas dos poetas.
  • Valorização das coisas simples do cotidiano;
  • Valorização de cada momento (carpe diem).
  • Leia mais: Arcadismo

Romantismo (século XIX)

Autores: Honoré de Balzac, Victor Hugo, Jean-Jacques, Rousseau, Goethe, Alexandre Dumas, José de Alencar, Castro Alves, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Emily Dickinson.

  • Valorização do indivíduo;
  • Divulgação dos valores burgueses: trabalho, esforço e sacrifício;
  • Idealização amorosa;
  • Subjetivismo;
  • Fuga da realidade;
  • Preferência pelo exótico;
  • Tematização da morte;
  • Nacionalismo;
  • Exaltação da imaginação, dos sentimentos e dos símbolos nacionais;
  • Liberdade formal dos textos;
  • No Brasil: Primeira geração romântica (indianismo/nacionalidade); Segunda geração - Ultrarromantismo (paixão e morte); Terceira geração (poesia social e erotização feminina).
  • Leia mais: Romantismo

Realismo / Naturalismo (meados séc. XIX)

Autores: Gustave Flaubert, Dostoiévsky, Tolstoi, Émile Zola, Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raul Pompeia

  • Predomínio da razão;
  • Cientificismo;
  • Positivismo;
  • Determinismo;
  • Literatura a serviço da ciência;
  • Denúncias de comportamentos sociais;
  • Adultério, vícios e corrupções;
  • Máscaras sociais, interesses pessoais;
  • Proposição de temas de interesse coletivo;
  • Análise minuciosa da anatomia social;
  • Pessimismo e sarcasmo;
  • Divulgação e circulação das obras por meio de folhetins;
  • Protagonistas como sujeitos imperfeitos, não idealizados;
  • Descrições dos perfis psicológicos dos sujeitos e dos aspectos práticos da vida cotidiana;
  • Contemporaneidade: o saudosismo do passado dá lugar à necessidade de pensar o presente;
  • Manifestação crítica sobre as instituições, espaços e serviços públicos;
  • Substituição do sentimentalismo pelo materialismo.
  • A sociedade é objeto de interesse imediato e sua análise e compreensão dependem da capacidade de atenção aos fatos verdadeiros e comportamentos observáveis;
  • Foco às descrições do que é típico, recorrente e sistemático no comportamento social;
  • Linguagem clara e objetiva.
  • Leia mais: Realismo / Naturalismo

Parnasianismo (final do séc. XIX)

Autores: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho

  • Conceito de “arte pela arte” (arte com fim em si mesma);
  • Arte como sinônimo de beleza alcançada por meio do trabalho cuidadoso e detalhista do poeta;
  • Rigidez e perfeição formais;
  • Poesia descritiva;
  • Técnicas de harmonização de ritmos, rimas e metro;
  • Resgate de temas da Atiguidade Clássica;
  • Impessoalidade;
  • Linguagem rebuscada.
  • Leia mais: Parnasianismo

Simbolismo (final do séc. XIX/ início do séc. XX)

Autores: Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, Stéphane Marllamé, Cruz e Sousa, Alphonsus Guimaraens

  • Impressionismo;
  • Subjetividade;
  • Desinteresse pelos temas sociais;
  • Concepção mística do mundo;
  • Ideal de arte absoluta;
  • Fascínio pela morte;
  • Valorização dos sentidos e das sensações;
  • Correspondências simbólicas entre o mundo visível e o mundo das essências;
  • Atmosfera do sonho;
  • Linguagem: caleidoscópio de imagens e sons;
  • Uso de maiúsculas alegorizantes e sinestesia;
  • Obsessão pelo branco.
  • Leia mais: Simbolismo

Modernismo (primeira metade do séc. XX)

Autores: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Murilo Mendes

Primeira Geração:

  • Semana de Arte Moderna;
  • Busca pela identidade nacional;
  • Visão crítica da realidade;
  • Abandono das perspectivas passadas;
  • Originalidade;
  • Humor, sarcasmo;
  • Ruptura com o passado;
  • Retorno às temáticas sociais;
  • Liberdade formal;
  • Lirismo crítico;
  • Cenas breves, poucas descrições;
  • Linguagem: aproximação entre a fala e a escrita;

Segunda Geração:

  • Misticismo e consciência social;
  • Reflexão sobre o sentido de estar no mundo;
  • Espiritualidade em xeque;
  • Circulação de textos por meio de revistas e jornais;
  • Versos com estruturas sintáticas bem elaboradas.
  • Leia mais: Modernismo

Pós-Modernismo (1950 até os dias de hoje)

Autores: João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Marina Colasanti, Lygia Fagundes Telles

  • Narrativas curtas;
  • Experimentação com as palavras;
  • Regionalismo;
  • Reflexões sobre as grande questões universais;
  • Individualização dos personagens;
  • Interlocução com os leitores;
  • Rompimento com a estrutura tradicional da narrativa;
  • Enfoque à intimidade e psicologia dos personagens;
  • Ausência de uma estética unificadora da produção artística.
  • Leia mais: Pós-modernismo
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