A anta brasileira (Tapirus terrestres), chamada simplesmente por anta, ou tapir e em inglês brazilian tapir é o maior mamífero terrestre brasileiro. Pertence ao gênero Tapirus, da família Tapiridae e à ordem dos mamíferos terrestres ungulados, chamado Peryssodactyla, da qual fazem parte os animais com número de dedos ímpares, como os cavalos e rinocerontes. Se distribui geograficamente do Leste da Colômbia até o Norte da Argentina e Paraguai.
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Características
É um animal de grande porte, podendo medir de 1,70 a 2,0 metros de comprimento, chegando a 1,2 metros de altura e pesando até 300 Kg, sendo o segundo maior mamífero terrestre da América do Sul. Tem coloração marrom-acinzentada, possui a narina em forma de probóscide, que parece uma pequena tromba, crista sagital proeminente e uma crina que vai do pescoço até a fronte da cabeça. Ocorre em uma diversidade florestal de habitat e está associada a ambientes que possuem fontes de água por todo o ano. Se desloca tanto em mata aberta, quanto fechada e nada bem. Ocorreu em todo o Brasil, até mesmo nas partes úmidas da Caatinga, porém foi extinta neste bioma e está distribuída no Pantanal, Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Vivem solitárias, ou no máximo em três indivíduos, com algum grau de parentesco. Seus predadores naturais são principalmente a onça pintada e a onça parda, grandes felinos que predam seus filhotes. Utilizam marcação de ambiente com cheiro, através da urina e das glândulas que possuem na face e apresentam alguns tipos de vocalização para comunicação, como os sons identificados em comportamento agonístico.
Hábitos alimentares
A anta tem o hábito noturno, forrageando alimento durante a noite e descansando durante o dia. Eventualmente, em algumas circunstâncias pode apresentar atividade diurna. É um animal herbívoro que se alimenta de frutos, folhas, gramas, brotos e fibras, sendo um importante agente dispersor de sementes. Por ser um animal de grande porte, ela consegue se alimentar de frutos maiores e dispersar sementes grandes, nas suas fezes, sendo considerado um jardineiro natural. A diversidade de frutos encontrados em suas fezes é grande, sendo um animal muito importante que contribui para a manutenção das florestas, principalmente de espécies de palmeiras. Sendo assim, o declínio populacional desta espécie afeta a dinâmica de ecossistemas florestais.
Reprodução
Seu ciclo reprodutivo é lento por ser longo (a gestação dura de 13 a 14 meses) e ter geralmente apenas um filhote. Ele nasce com coloração diferente dos adultos, possuem listas brancas, que vão desparecer em torno dos 6 meses de idade. Nascem com 7 a 9 Kg e vão permanecer com as mães até um ano. A maturidade sexual tanto de machos, quanto de fêmeas é alcançada aos três anos de idade. Vivem em torno de 22 anos em vida livre, mas tem registros de ultrapassar 30 anos em cativeiro. Possuem uma área de vida que depende do tamanho do fragmento, mas é em média 14 Km², podendo haver sobreposição.
Ameaças
As principais ameaças a esta espécie são a diminuição de habitat; pressão de caça; atropelamento; doenças transmitidas por contato com animais domésticos; maior frequência e intensidade de incêndios; perda de qualidade de habitat com os limites dos fragmentos cercados por áreas de pastos, plantações, e centros urbanos; pequenos fragmentos e falta de conectividade entre eles.
A espécie é considerada vulnerável no Brasil (IUCN), com status de menos preocupante no Pantanal e Amazonas, mas em perigo de extinção na Mata Atlântica, onde existem poucas populações viáveis, com mais de 200 indivíduos. As populações pequenas têm estimativa de serem dizimadas em menos de três gerações. Neste mesmo ritmo, sem intervenções, elas suportariam viver em torno de trinta anos e as populações maiores declinariam também. Na Mata Atlântica existem populações viáveis concentradas na Serra do mar, nos estados de São Paulo e Paraná.
Sendo assim, a proteção das unidades de conservação são prioridades para viabilidade populacional deste animal. O esforço em projetos de pesquisas e ações de conservação tem aumentado para esta espécie, o que contribui para a conservação também das florestas.
Referências:
BUENO, Rafael da Silveira. Frugivoria e efetividade de dispersão de sementes dos últimos grandes frugívoros da Mata Atlântica: a anta (Tapirus terrestris) e o muriqui (Brachyteles arachnoides). 2010. 69 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/87873>.
Oliveira, J.E. 2011. Distribuição de sementes e distribuição espacial de antas (Tapirus terrestres) em uma floresta atlântica contínua. Monografia. Universidade Estadual Paulista, Júlio de Mesquita Filho. Rio Claro.
SEIBERT, J. B. 2015. Padrão de frugivoria de Tapirus terrestris na Mata Atlântica do norte do Espírito Santo, Brasil. Dissertação de mestrado em Biologia Animal. Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, Brasil.
Medici, E.P.; et al. (2012). «Avaliação do risco de extinção da anta brasileira Tapirus terrestris Linnaeus, 1758, no Brasil». Biodiversidade Brasileira. 2 (3)- Link: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/biodiversidade/fauna-brasileira/avaliacao-do-risco/ungulados/tapirus_terrestris_anta_brasileira.pdf
http://www.zoologico.com.br/animais/mamiferos/anta/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/mamiferos/anta-brasileira/