Anomia

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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O conceito de anomia foi cunhado pelo sociólogo francês Émile Durkheim e quer dizer: ausência ou desintegração das normas sociais. O conceito surgiu com o objetivo de descrever as patologias sociais da sociedade ocidental moderna, racionalista e individualista. O acelerado processo de urbanização, a falta de solidariedade, as novas formas de organização das relações sociais e a influência da economia na vida dos indivíduos após a Revolução Industrial são objeto de estudo de Durkheim.

O tema central das obras deste autor é a relação entre o indivíduo e a coletividade: o que diferencia uma coleção de indivíduos de uma sociedade? Como se constrói o consenso? O que das ações individuais é determinado pela coletividade? Tentar responder a estas perguntas é o objetivo de muitas de suas obras como “A divisão do trabalho social” e “O suicídio”.

A divisão do trabalho, na forma que aparece nas sociedades complexas, promove a diferenciação entre os indivíduos e rompe o modelo de solidariedade mecânica das sociedades mais simples. Esta divisão é um fenômeno social e é explicada de acordo com a combinação entre o volume, a densidade moral e material da sociedade.

Durkheim desenvolve esta argumentação para apresentar os aspectos positivos da divisão do trabalho, enquanto produtora de solidariedade social. Porém, existe outro resultado, que é considerado negativo pelo autor, o conjunto de regras sem unidade, de relações não regulamentadas, a desintegração social e a debilidade dos laços que prendem o indivíduo ao grupo, a anomia.

Os contratos legitimados pelo sistema jurídico não são suficientes para explicar o que torna uma sociedade diferente de uma coleção de indivíduos. Eles exprimem um consenso que não pode se tornar válido apenas pela coerção, a violência e a força, pois a solidariedade seria singularmente precária. Logo, “o que constitui o livre consentimento?” (DURKHEIM, 2010, p. 401).

Para Durkheim a própria liberdade é produto de uma regulamentação: “O que constitui a liberdade é a subordinação das forças exteriores às forças sociais”. (Idem., p. 406). Os homens só abandonam seu estado de natureza, ou seja, seu estado selvagem, “criando outro mundo, do qual a domina (a natureza), e esse mundo é a sociedade” (Idem.). Dessa forma Durkheim conclui que a força da sociedade, da união dos indivíduos por laços de solidariedade, é o que caracteriza o homem fora do seu estado de natureza, o que o difere do animal.

Em sua obra “O Sucídio” o autor realizou denso estudo estatístico sobre as diferentes formas de suicídio, categorizando-os em suicídio egoísta, altruísta e anômico. Este último era o que mais lhe interessava porque era o mais frequente nas sociedades modernas e apresentava forte correlação com ciclos econômicos e com o número de divórcios. O que o levou a concluir que regras sociais mais frouxas, numa sociedade competitiva, aumentava o índice de suicídios.

A organização dos homens em uma mesma sociedade, regulada pelas mesmas leis é o que permite a mediação de conflitos individuais e sociais: “A única força capaz de servir de moderadora para o egoísmo individual é a do grupo; a única que pode servir de moderadora para o egoísmo dos grupos é a de outro grupo que os englobe” (DURKHEIM, 2010, P. 428).

A anomia é definida pelo autor como a ausência dessa solidariedade, o desrespeito às regras comuns, às tradições e práticas.

Referências Bibliográficas:

ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. Martins Fontes, São Paulo, 2000.

DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. Martins Fontes, São Paulo, 2010.

Arquivado em: Sociologia
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