Respiração anaeróbica

Bacharel em Ciências Biológicas (UNITAU, 2012)
Pós-graduação Lato Sensu em Perícia Criminal (Grupo Educacional Verbo Jurídico, 2014)

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A respiração celular anaeróbica ou anaeróbia se trata da obtenção de energia a partir de reações químicas sem o envolvimento do oxigênio, como ocorre na fermentação e na glicólise.

A energia, que é o produto final dessas reações, é proveniente da molécula de ATP, adenosina trifosfato. O ATP é uma molécula “relativamente” simples composta pela base nitrogenada adenina, açúcar e três fosfatos. A energia que tanto se fala é oriunda, justamente, das duas ligações que unem os fosfatos. Elas são ligações de alta energia que, quando necessário para alguma função ou reação do corpo, são quebradas liberando energia suficiente para esses eventos.

Certo! Mas como, de fato, ocorre essa geração do ATP? A glicose que será degradada é proveniente da alimentação ou de reservas do próprio corpo. Após os processos que ocorrem para deixar a glicose livre e disponível, ela passa por uma série de reações no citosol da célula. Esses eventos químicos são mediados por diferentes enzimas que, grosso modo, gerarão piruvato, esse que, em determinadas condições, será utilizado na respiração aeróbica. No decorrer dessas reações anaeróbicas, a molécula de adenosina difosfato, ou ADP, recebe um fosfato gerando, assim, o ATP.

Nesse sentido, vale ressaltar que a obtenção de energia por processos anaeróbicos não é muito eficiente. Isso ocorre porque ao fim do processo é gerada bem pouca energia, mais especificamente, um mol de glicose acaba gerando apenas dois mols de ATP. Muito embora não se trate de um processo eficiente, ele é extremamente importante. Isso ocorre porque existem organismos que não suportam o oxigênio, ou seja, para esses organismos o oxigênio é extremamente tóxico. Além disso, vale ressaltar que em épocas remotas na história da vida não existia oxigênio suficiente e disponível na atmosfera para que pudesse ser utilizado.

Na ausência de oxigênio, em células que não realizam a respiração aeróbica ou em condições de inibição dessa via, ocorre outro evento anaeróbico, a fermentação. A fermentação é um nome dado aos processos que ocorrem após a glicólise, em condições de anaerobiose, com a finalidade de reciclar componentes importantes nos mecanismos de obtenção de energia. Mais especificamente, esse processo se trata das reações químicas que utilizam o piruvato gerando outros produtos, como, por exemplo, o ácido láctico e o álcool. Nesse sentido, é importante ressaltar que, embora esses eventos fermentativos sejam realmente importantes, eles não geram, de fato, energia.

Com relação ao evento acima mencionado, a fermentação, é necessário que seja feito um adendo. É bastante comum encontrar na literatura a categorização da fermentação como todo o processo de extração de energia em forma de ATP da glicose em condições de anaerobiose. Isso quer dizer que alguns autores consideram que a glicólise faz parte da fermentação. Isso não está errado, entretanto aqui diferenciamos os eventos porque a glicólise faz parte de ambos os processos respiratórios, tanto a respiração aeróbia como a anaeróbia.

Enfim, a respiração celular anaeróbica ou anaeróbia se trata dos processos que resultarão na geração de energia na ausência de oxigênio. Ele se trata de um evento relativamente simples, entretanto não é eficiente. Mesmo assim, se tratam de processos de vital importância para a vida como se conhece, principalmente sob o viés evolutivo e até mesmo sob o comercial. Isso ocorre porque se acredita que as estratégias de obtenção de energia mais eficientes derivaram dessa forma anaeróbica. Já com relação ao aspecto econômico, esses eventos de fermentação são os responsáveis pela existência de diversos produtos que representam grande interesse comercial, como vinhos, queijos, cervejas, pães, iogurtes, entre outros.

Arquivado em: Bioquímica
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