O Ocidente é uma construção política, cultural e ideológica que classifica uma parte do mundo de acordo com suas características geográficas, econômicas, culturais, políticas e sociais. Os países que fazem parte do Ocidente estão situados no hemisfério Norte, são democracias liberais, economicamente desenvolvidos e com uma macro cultura semelhante. O capitalismo é o seu sistema econômico e o progresso técnico-científico é um dos seus principais motores.
Muitas são as teorias, como a de John Hall, sobre o que caracteriza a origem do Ocidente. Certamente o contato com diferentes culturas, como o retorno das rotas de comércio no fim da Idade Média e as Grandes Navegações foram fatores decisivos para criar esta caracterização. A Revolução Industrial é um outro marco na caracterização do que é o Ocidente. Ela provocou uma enorme transformação que afetou a cultura, a política, a economia, a cultura, a religião e todas as esferas de vida dos homens da Europa e consequentemente o modo como estes homens compreendiam o mundo. Ao buscar novos territórios, como durante o período de colonização da América e o neocolonialismo, os europeus espalhavam também seus ideais, sua cultura e o seu modo de compreender o mundo.
Ocidentalização é, de acordo com a etimologia da palavra, a ação de tornar ocidental; o processo em que as culturas de outras partes do mundo assimilam ou são obrigadas a assimilar a cultura do Ocidente é parte do significado deste conceito. Normalmente ele acusa uma mudança de padrões culturais, que envolve novas formas de vestir, de se relacionar, de se comunicar, que negam a cultura local ou que criam novas culturas inspirando-se na cultura ocidental.
O processo de globalização iniciado nos anos 1980, que moldou as principais características do mundo contemporâneo e que pode ser identificado pelo advento das tecnologias de informação, como a internet, e o imediatismo das relações, é outra importante chave para se refletir sobre a ocidentalização. Durante os anos 1990 a discussão sobre a hegemonia do Ocidente no mundo foi fundamental para pensar a importância das culturas locais, o hibridismo cultural (CANCLINI) e as novas formas de resistência.
O capitalismo transnacional, multinacional e global levou seus produtos até os confins da Terra, lugares antes não explorados passaram a ser conhecidos, culturas tradicionais tornaram-se produtos de consumo mundial. A possibilidade de comer um hambúrguer com o mesmo sabor em qualquer lugar do mundo é um dos exemplos desse processo em que, aparentemente, nada ficou sem receber o toque do ocidente.
O movimento intelectual conhecido como pós-colonialismo foi um importante divulgador do debate sobre os limites da ocidentalização. Seus autores discutiam os efeitos do pós-colonialismo, como no livro Orientalismo de Edward Said, e apontavam para a necessidade dos povos que foram colonizados de terem a sua própria voz ao falarem de si mesmos, sem a intermediação do ocidente para isso. Com isso questionavam a noção de uma história única, que tinha como referência a história do Ocidente.
É comum encontrar o termo ocidentalização em textos informativos sobre culturas que estão desaparecendo, por exemplo sobre o desaparecimento da cerimônia do chá e a luta de algumas comunidades e indivíduos pela sua sobrevivência. Ele indica principalmente que ao se ocidentalizarem estas novas culturas extinguem ou colocam em processo de extinção sua cultura tradicional. Recentemente a cirurgia de alteração das pálpebras pelas mulheres orientais, para conquistarem olhos parecidos com os das mulheres ocidentais, vem sendo apontado como um forte aspecto de ocidentalização do Oriente.
Referências Bibliográficas:
HALL, J. A. Powers and liberties: the causes and consequences of the rise of the west. University of California Press, Berkeley Los Angeles, 1986.
SAID, E. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007,
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/ocidentalizacao/