Com o advento da tecnologia a humanidade conseguiu produzir e obter muitos mais da natureza. Nas ciências, na agricultura, na construção civil... em todos os campos onde ocorrem ações humanas existe o desenvolvimento de técnicas e tecnologia a todo o tempo. Desde a primeira técnica de cocção controlada até os modernos reatores nucleares, o emprego de conhecimento e tecnologia produz avanços na espécie como um todo.
No campo da química e física nuclear este fato também se repete. O desenvolvimento de campos do conhecimento comum a estas áreas, como a radioatividade, permitiu a criação de novas técnicas e tecnologias aplicadas em diversos centros de pesquisa do mundo. Este fato culminou com o desenvolvimento de procedimentos que visavam alterar a composição de diversos elementos químicos, fazendo com que a humanidade iniciasse um novo capítulo na ciência: a produção de elementos químicos inéditos.
Com o emprego de cíclotrons e de outras técnicas de aceleração de partículas, cientistas iniciaram no século XX uma revolução na química, produzindo uma gama diversificada de novos elementos. Esta produção culminou com a descoberta não só do elemento Mendelévio, mas também de grande parte dos elementos químicos acima do urânio (de maior número atômico, na tabela periódica).
A história do desenvolvimento do mendelévio iniciou-se na década de 1950. Pesquisadores do centro de pesquisas de Berkeley, Califórnia, iniciaram testes com alguns isótopos do elemento einstênio (99Es253), objetivando a produção de novos elementos radioativos e inéditos na natureza. O próprio einstênio, um elemento artificial, fora produzido através de preceitos básicos da radioatividade.
Em 1955, Albert Ghiorso, Bernard Havey, Stanley Thompson, Gregory Chopin e Glenn Seaborg (homenageado em vida com o elemento Seabórgio) desenvolveram um experimento com um cíclotron, em Berkeley. Durante extenuantes horas de trabalho, este grupo de cientistas bombardeou uma amostra de einstênio-253 (Es253) com partículas alfa (formadas por núcleos semelhantes ao elemento hélio). Este bombardeamento resultou na detecção do elemento 101Md256, cuja possível equação pode ser encontrada a seguir:
Em um primeiro momento o núcleo de einstênio é bombardeado pela emissão alfa, ocorrendo incorporação à sua massa e prótons. Em um segundo momento ocorre transformação de um isótopo possível de mendelévio (menos estável) em outro (mais estável), emitindo-se um nêutron. O isótopo encontrado no experimento em Berkeley apresentou meia vida de 78 minutos. Foi produzido um total de aproximadamente 17 átomos deste isótopo.
Atualmente o elemento mendelévio apresenta alguns isótopos, como os 101Md258 e 101Md260, cujas meias vidas variam de aproximadamente 51 dias para o primeiro isótopo, e 27 dias para o segundo isótopo.
Como se trata de um elemento transurânico, o mendelévio não ocorre naturalmente e emite radiação, sendo utilizado única e exclusivamente nos grandes centros de pesquisa. O elemento mendelévio não participa de metabolismos de organismos vivos, embora a sua radioatividade tenha efeitos deletérios nos mesmos.
O nome dado ao elemento deriva da homenagem a Dmitri Mendeleev, químico russo que desenvolveu os alicerces da tabela periódica atual. Em seus estudos, Mendeleev organizou em 1868 os 63 elementos conhecidos até então em uma tabela periódica em razão de suas massas atômicas, e prevendo a existência de outros diversos elementos químicos muito antes da descoberta dos mesmos.
Referências bibliográficas:
Aplicativo “Periodic Table” – Real Society of Chemistry (RSC)
STRATHERN,P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. (tradução de Maria Luiza X. de A. Borges). Ed. Zahar. 2002.
KEAN, S. A colher que desaparece. (tradução de Cláudio Carina). Ed. Zahar. 2011.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/elementos-quimicos/mendelevio/