A revolta conhecida como Conjuração de “Nosso Pai” ou Revolta contra Mendonça Furtado, foi um dos primeiros movimentos nativistas, que foram o conjunto de revoltas populares cujo objetivo era protestar contra a relação entre metrópole e colônia, em relação à administração colonial portuguesa no Brasil, condições estas negativas e prejudiciais para a colônia. Ela ocorreu no ano de 1666, na Capitania de Pernambuco.
Na década de 1650, os holandeses foram expulsos de vez da região nordeste. Depois de 60 anos de presença, os comerciantes e senhores de terras acabaram estabelecendo relações comerciais e, quando os europeus foram expulsos, Pernambuco e a região nordeste de modo geral, acabou entrando numa crise econômica e de abastecimento de grandes proporções e as cidades de Olinda e Recife lutavam para se reconstituir e se manterem. A Coroa Portuguesa conseguiu expulsar os holandeses com a clara ajuda dos senhores de engenho, que eram moradores de Olinda. Importante mencionar que esses senhores de engenho tinham ressalvas quanto ao porte de Recife, achando que eles deveriam receber mais apoio e reconhecimento por parte da Coroa Portuguesa por terem ajudado a expulsar os holandeses do Brasil. Mas como era de costume, o governo português acabou nomeando e enviando para governar a capitania de Pernambuco Jerônimo de Mendonça Furtado, apelidado pejorativamente de Xumberga, fazendo referência ao general alemão Von Schomberg (conhecido mercenário da época).
Mendonça Furtado era estrangeiro e acabava indo contra os interesses desses senhores de engenho de Olinda. Os pernambucanos achavam que era um deles que deveria ser nomeado como governador, pois nasceram e viviam naquela região. Dessa maneira, pode-se citar que os motivos da revolta foram a nomeação de Jerônimo de Mendonça Furtado como governador e também sua falta de habilidade para negociar com os chefes da região.
Para piorar a situação, chegou ao porto de Recife uma esquadra francesa que foi muito bem recebida e tratada pela Corte, enfurecendo os senhores de engenho que acabaram divulgando que o governador estava a serviço dos franceses e que estes estavam preparando um ataque à província. Tudo com o consentimento e apoio do governador.
Assim, os revoltosos se reuniram na casa de um dos senhores de engenho, João de Novalhaes y Urréa, com a presença do juiz de Olinda André de Barros Rego, os vereadores Lourenço Cavalcanti e João Ribeiro, os principais, com a intenção de iniciar um golpe para depor o governador. Como desculpa para que o governo não descobrisse que era tramado um golpe, os revoltosos disseram que a reunião era por conta de um Nosso Pai, também chamado de viático, um sacramento na Igreja Católica ligado a Eucaristia que era ministrado aos enfermos, já que estes não podiam sair de casa. Os revoltosos sabiam que quando o governador via uma procissão na rua, ele a acompanhava. E, assim, no dia 31 de agosto, quando a procissão saiu as ruas, Mendonça Furtado passou a acompanhar o cortejo que acreditava ser real. O governador acabou sendo desviado para uma igreja e recebeu voz de prisão de André de Barros Rego, sendo feito prisioneiro na fortaleza de Brum. Ele foi colocado numa frota e levado de volta a Lisboa.
A fim de evitar mais confrontos, o vice-rei nomeou André Vidal de Negreiros como governador da província, pois este tinha fortes ligações com os moradores da região. Mas esse governo durou pouco tempo, sendo substituído por outro.
Referências Bibliográficas:
COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/conjuracao-de-nosso-pai/