Composto por seres microscópicos que apresentam baixo poder de locomoção, o plâncton constitui um dos mais importantes grupos de organismos aquáticos, sendo o principal responsável pela produtividade primária nestes ecossistemas.
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Composição e classificação
Englobando uma variedade de organismos, o plâncton pode ser classificado em diferentes categorias de acordo com critérios como dimensão, habitat e duração da vida planctônica. Em termos biológicos, estes organismos podem ser divididos em bacterioplâncton, que inclui as bactérias e algas azuis (i.e. Cyanophyceae); fitoplâncton, composto pelas algas microscópicas e protistas autótrofos; e zooplâncton, que inclui os animais e protistas heterotróficos. Esta última categoria, por sua vez, compreende desde organismos unicelulares até vertebrados como larvas e ovos de peixes, cujas formas planctônicas são especialmente classificadas como ictioplâncton, devido à sua importância econômica e ecológica (i.e. recrutamento dos peixes). Além destes, alguns protistas fotossintetizantes que também são heterótrofos (i.e. alimentam-se de outras formas planctônicas), são denominados mixoplâncton.
Em relação à dimensão, o plâncton pode ser agrupado em seis classes: fentoplâncton, que corresponde aos indivíduos de menor tamanho (0,02 a 0,2 µm), picoplâncton (0,2 a 2µm), nanoplâncton (2 a 20 µm), microplâncton (20 a 200 µm), mesoplâncton (200 µm a 20 mm), macroplâncton (2 a 20 cm) e megaloplâncton, classe macroscópica composta principalmente por organismos do zooplâncton (> 20cm).
A classificação do plâncton também pode estar relacionada ao seu habitat. O plâncton marinho (Haliplâncton) divide-se em dois grupos, Neirítico e Oceânico, que correspondem, respectivamente, aos organismos que habitam as águas costeiras antes e depois do limite da plataforma continental. O plâncton estuarino é composto por indivíduos que habitam ecossistemas costeiros e toleram variações de salinidade, enquanto que o plâncton dulcícola (Limnoplâncton) é formado por organismos que habitam apenas ecossistemas de água doce.
O tempo de vida plânctonica também pode ser utilizado como critério de classificação para estes organismos. O Holoplâncton consiste nos indivíduos que permanecem no plâncton por todo o seu ciclo de vida, enquanto que o Meroplâncton corresponde aos organismos que apresentam apenas uma fase de seu ciclo na forma planctônica, migrando para o bento ou nécton em sua fase adulta. O Ticoplâncton, por outro lado, é constituído por organismos bentônicos que são ocasionalmente levados para o ambiente pelágico por ação de correntes fortes.
Flutuabilidade
Em geral, os organismos planctônicos são mais densos do que a água; a carapaça de sílica de uma diatomácea, por exemplo, tem densidade em torno de 2,60 g cm-3, enquanto a densidade da água marinha aproxima-se de 1,02 g cm-3. Como consequência, estes organismos desenvolveram estratégias adaptativas a fim de evitar sua submersão, dentre as quais pode-se citar o aumento da força de flutuação, obtido pelo movimento do corpo ou partes deste, e a redução do peso específico. Esta última pode ser alcançada pela simples redução do tamanho corporal, ou ainda pela presença de substâncias de baixa densidade como gases e óleos em cavidades corporais, favorecendo a flutuação. O aumento da superfície de sustentação do corpo também promove maior resistência ao afundamento, e está relacionado ao formato do corpo (com formas achatadas apresentando maior resistência) e à presença de apêndices como espinhos e longos filamentos.
Distribuição
Transportados passivamente por correntes e movimentos d’água, o plâncton apresenta uma distribuição espacial em ambos os planos horizontal (ao longo de quilômetros) e vertical (em termos de profundidade), assim como variações temporais nictemerais e sazonais. Espacialmente, a distribuição do plâncton ocorre de forma agregada (i.e. em manchas), de acordo com os fatores físicos e químicos que regulam o crescimento destes organismos como a luminosidade, temperatura, salinidade e a disponibilidade de nutrientes. A ação de correntes e fortes ventos também pode influenciar a distribuição das espécies, assim como as interações biológicas que ocorrem entre estas, porém em menor escala.
O padrão vertical de distribuição do plâncton na coluna d’água também está ligado ao gradiente de parâmetros abióticos, em especial à luminosidade. Este fator influencia na taxa fotossintética, que decai conforme o aumento da profundidade, como também nas migrações sazonais e verticais realizadas por estes organismos, que migram para a superfície da água durante a noite, e tendem a submergir ao amanhecer. Além da luminosidade, a temperatura também pode afetar a migração vertical dos organismos, especialmente quando ocorre a formação de termoclina. Este fenômeno causa a estratificação da coluna d’água, dificultando a migração dos organismos entre as distintas camadas d´água (i.e. com diferentes densidades).
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Referência:
Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/plancton/