Bromélias

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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As bromélias são um gênero vegetal que compreende mais de 3.000 espécies distintas, todas pertencentes à família Bromeliaceae. Elas são nativas das regiões tropicais e subtropicais do continente americano, ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.

Bromélias. Foto: KHWANJAI WANNASOOK / Shutterstock.com

Este grupo de plantas possui uma gama de hábitos de vida, ocupando regiões no litoral e também de grandes altitudes, seja na forma terrestre ou epífita (utilizando outra planta como suporte). As bromélias são conhecidas pela alta capacidade adaptativa, uma vez que elas sobrevivem e se dispersam em locais de baixa e alta luminosidade, secos ou úmidos e podem resistir a solos pobres em nutrientes ou temperaturas extremas.

Evolutivamente, estudos apontam para o surgimento deste gênero de planta no período Cretáceo. Sua capacidade adaptativa combinada com a produção de atrativos para animais dispersores (como néctar e flores coloridas) resultou em um grande sucesso de dispersão, permitindo a radiação de várias espécies. O posterior surgimento dos Andes e a formação da floresta amazônica foram eventos essenciais para o estabelecimento das bromélias como uma das plantas americanas mais bem adaptadas. Alguns cientistas postulam que o hábito epifítico foi importante para o sucesso evolutivo dessas plantas e que este ocorreu de maneira independente em vários gêneros de bromélias submetidas a diferentes condições climáticas e geológicas.

Foram identificados variados modos de dispersão ocorrendo em espécies de bromélias. Embora o hábito mais comum seja a ornitofilia (quando a dispersão do pólen é feita por aves), existem muitos registros de quiropterofilia (dispersão realizada por morcegos), autogamia (autofecundação do pólen da própria planta) e de maneira menos comuns para estas plantas como a entomofilia (dispersão feita por insetos). A família Bromeliaceae possui uma diversidade imensa de displays florais, com cores, aromas e formas variando de acordo com o hábito dispersor predominante. Estudos recentes suportam também a teoria de que a composição do néctar varia de acordo com o polinizador, sendo ele mais adocicado quando a planta é visitada por beija-flores e aves e com menor teor de açúcar quando os principais polinizadores são morcegos e insetos. As espécies polinizadas por vertebrados possuem um baixo grau de endogamia (conhecido como inbreeding) e uma alta taxa de diferenciação entre populações, o que favorece especiações locais. Nas espécies em que ocorre autogamia também há uma parcela de troca de material genético com outras plantas, mantendo o fluxo e a diversidade gênica nestas populações.

As bromélias são muito apreciadas por seu uso ornamental; contudo, também existem espécies utilizadas para extração de compostos farmacológicos (como a Bromelia antiacantha, conhecida como Caraguatá do Campo, que é encontrada no cerrado brasileiro e cujo fruto é utilizado em xaropes antigripais), espécies cultivadas para produção de frutos (como o abacaxi, da Ananas comosus) e espécies utilizadas para a produção de fibras (como a Bromelia karata, na Argentina).

Referências:

Canela, M.B.F. and Sazima, M., 2005. The pollination of Bromelia antiacantha (Bromeliaceae) in Southeastern Brazil: ornithophilous versus melittophilous features. Plant biology, 7(4), pp.411-416.

Paulino-Neto, H.F., Nakano-Oliveira, E., de Assis Jardim, M.M. and Vasconcellos-Neto, J., 2016. Frugivory in Bromelia balansae (Bromeliaceae): The Effect of Seed Passage through the Digestive System of Potential Seed Dispersers on Germination in an Atlantic Rainforest, Brazil. J Ecosyst Ecography, 6(224), p.2.

Zanella, C.M., Janke, A., Palma-Silva, C., Kaltchuk-Santos, E., Pinheiro, F.G., Paggi, G.M., Soares, L.E., Goetze, M., Büttow, M.V. and Bered, F., 2012. Genetics, evolution and conservation of Bromeliaceae. Genetics and molecular Biology, 35(4), pp.1020-1026.

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