O processo de transpiração vegetal engloba a passagem de água por todo o corpo da planta, desde sua absorção nas raízes, transporte através do xilema, movimentação até as porções superiores da parte aérea culminando com a sua evaporação na superfície das folhas através dos estômatos. Calcula-se que mais de 95% da água que uma planta absorve do solo seja perdida através deste processo, que é importante para a manutenção térmica da planta, controle de sua turgidez e pressão osmótica além de permitir que a água sirva como um meio de conduzir nutrientes minerais para todos os tecidos que compõem o vegetal.
A transpiração vegetal é um processo primordial executado pelas plantas, possuindo uma regulação detalhada que pode ser modulada. Um exemplo de mecanismo de controle de transpiração é o aumento ou redução na quantidade de folhas ou estruturas fotossinteticamente ativas. Quanto mais folhas, maior a quantidade de estômatos e de superfície de trocas gasosas e, consequentemente, maior a perda de água. Em ambientes úmidos, em que a água não é um fator limitante, esta pode ser uma ótima estratégia para aumentar a taxa de fotossíntese. Outra alternativa seria controlar a quantidade e a exposição dos estômatos. Plantas adaptadas a ambientes secos como desertos muitas vezes possuem seus estômatos escondidos, realizando a sua abertura no período noturno quando a perda de água será menor (devido à baixa temperatura ambiental). Também se observa que o tamanho da folha influencia na taxa de transpiração. Grandes folhas possuem maior área de exposição e transpiram mais do que folhas melhores. As plantas podem ainda serem dotadas de cutículas com ceras impermeabilizantes, tornando a superfície do corpo vegetal uma área de pouquíssima perda de água. Além da cutícula, também encontramos na natureza plantas com pelos (tricomas) nas folhas, estruturas que auxiliam na manutenção da umidade foliar reduzindo a transpiração.
Os fatores abióticos também influenciam na taxa de transpiração vegetal. A temperatura, por exemplo, causa um aumento na perda de água até um limite no qual a umidade atmosférica ao redor da planta se iguale àquela do interior dos tecidos. Aumentos muito drásticos de temperatura podem levar a desidratação da planta, que passa a apresentar um estado de secura, intensificando o gradiente de potencial hídrico e fazendo com que a raiz absorva mais água do solo. O vento também é um importante fator que atua na taxa de transpiração. Em baixas intensidades, ele afeta pouco este processo, uma vez que a umidade ao redor da planta aumenta causando uma estabilização na perda d’água. Quando a velocidade do vento aumenta, ele carreia esta umidade, aumentando a transpiração. Esse efeito é continuo sem que haja uma estabilização, o que pode ser danoso para a planta caso ela fique exposta a fortes ventos por longos períodos de tempo. Por isso vegetais em altitude apresentam hábitos herbáceos ou arbustivos e crescem melhor nas porções de relevo que são menos atingidas pelo vento. A umidade afeta inversamente a taxa de transpiração. Quando a umidade relativa no ambiente é muito baixa, a transpiração é elevada, enquanto que com uma alta umidade atmosférica observa-se baixa transpiração (pois a concentração de água no ambiente é maior do que nos tecidos vegetais).
Referências:
Hygen, G., 1951. Studies in plant transpiration I. Physiologia Plantarum, 4(1), pp.57-183.
Raven, P.H., Evert, R.F. and Eichhorn, S.E., 2005. Biology of plants. Macmillan.
Smith, W.K. and Geller, G.N., 1979. Plant transpiration at high elevations: theory, field measurements, and comparisons with desert plants. Oecologia, 41(1), pp.109-122.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/transpiracao-vegetal/