O estudo da ecologia alimentar em golfinhos é uma ferramenta para se entender as relações tróficas destes animais em um ecossitema e compreender os padrões entre presas e predadores. É importante devido ao fato que através deste conhecimento da ecologia alimentar dos golfinhos, podemos conhecer mais sobre os comportamento sociais destes animais.
Os golfinhos em geral, se alimentam de peixes (teleósteos), lulas (cefalópodes) e camarões (crustáceos), sendo que os camarões são uma presa não tão importante quando comparadas aos peixes e as lulas. Golfinhos são animais muito oportunistas, isto significa que em geral, se alimentam do recurso mais abundante nas áreas onde estão presentes.
Os golfinhos para buscarem seu alimento, podem realizar grandes deslocamentos diários e sazonais de acordo com a abundância e os movimentos migratórios de suas presas. Também consomem presas bentônicas e também das presas que vivem na coluna de água. Podem ser presas que formam cardumes ou de hábitos solitários.
O modo de captura das presas pelos golfinhos pode ocorrer de forma solitária, ou até mesmo de forma cooperativa entre o grupo de animais. Os golfinhos possuem um sonar para identificar as presas, ou seja, seu sistema de ecolocalização, semelhante ao dos morcegos. Estudos sugerem que os golfinhos podem consumir até cerca de 5% de seu peso corporal diáriamente.
Para se estudar o hábito alimentar dos golfinhos, geralmente são realizados estudos de conteúdos estomacais, que é a na verdade a identificação de estruturas rígidas que permanecem no estômagos destes animais por um certo período. Poderemos encontrar dentro do estômago dos golfinhos: otólitos de peixes, bicós córneos de cefalópodes e carapaças de crustáceos, o que posteriormente com ajuda de guias de identificação pode-se saber as espécies de peixes, lulas e camarões consumidos pelos golfinhos.
Os otólitos, são concreções de carbonato de cálcio localizadas no ouvido interno dos peixes. Os otólitos nos peixes possuem função de aquilíbrio, sendo que cada peixe possui 3 pares de otólitos. Geralmente para a identificação destes nos estômagos são utilizados os otólitos conhecidos por saggita, por serem maiores que os demais. Os otólitos possuem características morfológicas que variam de espécie para espécie, facilitando a identificação dos peixes que foram consumidos.
Os bicos córneos de lulas, ou então mandíbulas, são formadas de quitina, composição que faz com que estes permaneçam durante mais tempo no estômago dos golfinhos. Os bicos também possuem diferenças morfológicas, o que possibilitará a identificação das espécies de lulas predadas. Cada lula apresenta 1 par de mandíbula, sendo conhecidas como bico superior e inferior.
No caso dos crustáceos, as estruturas para identificação dos mesmos, no estômago dos golfinhos serão geralmente, o rostrum e o telson, que também possuem caracteres morfológicos para a identificação das presas consumidas.
Através das estruturas alimentares encontradas dentro dos estômagos dos golfinhos é possível, através de algumas fórmulas matemáticas, estimar o tamanho e peso das presas ingeridas.
Referências:
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HENRIQUE-GARCIA, J. ; MARCUCCI, A. ; CREMER, M. J. ; BARRETO, A. S. . Catálogo fotográfico de otólitos de teleósteos encontrados na alimentação de pequenos golfinhos da costa do sudeste-sul do Brasil.. In: 1a Reunión Internacional sobre el Estudio de los Mamíferos Acuáticos SOMEMMA - SOLAMAC, 2006, Merida. Resúmenes de la 1a Reunión Internacional sobre el Estudio de los Mamíferos Acuáticos SOMEMMA - SOLAMAC, 2006. p. 82-82.
Di Beneditto, A. P. M.; Ramos, R. M. A.; Lima, N. R. W. (2001) Os golfinhos. Origem, classificação, captura acidental e hábito alimentar. Cinco Continentes, Porto Alegre, pp.158
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/oceanografia/ecologia-alimentar-de-golfinhos/