Em 1880 saiu do porto de Beirute o primeiro navio com libaneses em direção ao Brasil, sendo considerado este momento como o marco do início oficial da imigração libanesa para o Brasil. As causas principais da imigração foram questões de natureza econômica, política e religiosa (havia uma grande quantidade de libaneses cristãos fugindo do domínio muçulmano do Império Otomano).
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Goiás foram os estados que contabilizaram o maior número de entrada de imigrantes libaneses. Por causa do domínio do império turco otomano a entrada de sírios e libaneses se dava, até 1892, com passaportes Turcos. Entre os anos de 1893 e 1926 os classificavam como Sírios, sendo a entrada com passaporte libanês só a partir do ano de 1926. Por essa entrada inicial com passaporte Turco, até hoje é comum se referir aos árabes e seus descendentes como “turcos”.
Este primeiro fluxo migratório foi impulsionado pela visita do imperador Dom Pedro II em 1876 estreitando o relacionamento entre os países. Mas é preciso ponderar que, embora se reconheça a importância dessa visita, o Brasil continuava a ser uma terra praticamente desconhecida para os libaneses. Por esse motivo, os documentos históricos revelem que a maior parte dos imigrantes acreditava estar indo para os Estados Unidos e ao desembarcarem nos portos de Santos ou do Rio de Janeiro, pensavam estar pisando em solo americano. Alguns não obtiveram o visto americano e julgaram que a entrada no Brasil seria menos difícil. Porém, havia também um grupo que veio ao Brasil estimulado pelos familiares que já tinham migrado para o Brasil e encorajavam a vinda como forma de melhora de vida.
Enquanto a maior parte dos imigrantes que vieram para o Brasil foi trabalhar na área rural estimulados principalmente pelo governo devido a substituição de mão-de-obra escrava, os sírios e libaneses se fixaram nas cidades dedicando-se às atividades comerciais. Possuindo capital limitado muito deles iniciaram a vida em atividade conhecida como mascates, que era o vendedor que comercializava suas mercadorias de porta em porta. Quando prosperavam, investiam na abertura de negócio próprio.
Este primeiro período de imigração perdura até o ano de 1900 quando se inicia outro intervalo até o ano de 1918 que é marcado pelo início e fim da Primeira Guerra Mundial. Os libaneses, dominados pelos otomanos, vieram para Brasil que estava em processo de industrialização e urbanização com esperança em nova oportunidade de vida. Eles se concentraram em dois principais polos econômicos do país: a Amazônia, que passava pelo ciclo da borracha; e o Sul que estava no ciclo do café.
O terceiro e quarto período ocorrem entre os anos de 1918 e 1950. Após a Primeira Guerra Mundial, os imigrantes libaneses vão para o Sul do Brasil que estava com economia próspera. Com a crise de 1929, os imigrantes que tinham reserva de economia investiram em propriedades para a abertura de novas indústrias e comercio. A remessa do dinheiro aqui conquistado para o Líbano diminui e os negócios vão sendo passados de pai para filho, favorecendo a fixação da colônia libanesa. Com isso, no ano de 2010 a comunidade libanesa no Brasil (em sua maioria formada por descendentes) era maior do que a própria população do Líbano. Eram aproximadamente 10 milhões de libaneses e descendentes contabilizados no Brasil contra 3,5 contabilizados no Líbano.
Bibliografia:
http://www.irmaosrayes.com.br/origem-imigracao.php
http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/imigracao-libanesa/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/imigracao-libanesa-no-brasil/