Hipérbato

Mestre em Linguística, Letras e Artes (UERJ, 2014)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFBA, 2007)

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Originário do grego hypérbaton, o termo traduz-se por “inversão” ou “transposição”. Hipérbato conceitua-se por ser a separação de palavras que pertencem a um mesmo sintagma pela intercalação de uma expressão frasal. Resume-se também por ser a troca da ordem dos termos da oração.

O ato de expressar o pensamento por meio da linguagem leva o falante a construir, muitas vezes, enunciados que invertem a norma padrão das funções dos termos na oração, sem perda de sentido. Nesse processo, o hipérbato também se caracteriza como um recurso estilístico de grande valia para a constituição do estilo na linguagem literária.

Relembrando que nessas construções, bem como nas outras figuras de sintaxe, a coesão gramatical é substituída por uma coesão significativa, condicionada pelo contexto geral e pela situação. Considera-se que nem sempre as frases se organizam com absoluta ordem das funções gramaticais.

O processo expressivo que provoca o hipérbato pode ser verificado nestes exemplos nos quais ocorre uma mudança brusca da ordem direta dos termos oracionais:

Passeava ela pelos belos campos verdes.

Felizes eles estavam pelo casamento.

Pelos últimos acontecimentos as pessoas andavam receosas, guardando suas bolsas, cheias de medos e angústias.

Em sentido mais usual, hipérbato é termo utilizado amplamente para designar toda a inversão da ordem normal das palavras na oração, ou da ordem das orações no período com uma finalidade expressiva.

O hino nacional é uma belíssima letra construída com diversos recursos estilísticos e figuras de linguagem, dentre elas o hipérbato aparece algumas vezes. A inversão é um estilo marcado no hino, como pode se verificar neste trecho:

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante

Análise: a ordem direta seria: Ouviram o brado de um povo heróico, às margens plácidas do Ipiranga. Percebe-se que na ordem direta dos elementos sintáticos o efeito estilístico muda.

Bibliografia:

GARCIA, Maria Cecília. Minimanual compacto de gramática da língua portuguesa: teoria e prática – 1. ed. – São Paulo: Rideel, 2000.

CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Arquivado em: Linguística, Português
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