A Campanha da Mulher pela Democracia era formada por segmentos mais conservadores e fazia manifestos anticomunistas e contra o governo de João Goulart.
O cenário do início dos anos 1960 foi extremamente determinado por uma cultura mundial que ressaltava a tensão entre as disputas ideológicas do capitalismo e do socialismo. No Brasil não foi diferente. Enquanto os trabalhadores se organizavam cada vez mais e assumiam afinidades com o socialismo, como argumento para melhorias em suas condições, os segmentos mais conservadores da sociedade se organizavam em torno de órgãos e institutos para criar campanhas e manifestações anticomunistas. O governo de João Goulart, por sua vez, era combatido a todo momento alegando sua ligação com o socialismo.
A Campanha da Mulher pela Democracia, ou simplesmente Camde, foi um movimento que o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais preparou e financiou. A ideia era mobilizar mulheres mais tradicionais, chamadas de “candocas” na época. Reunindo essas mulheres conservadoras, o movimento esteve presente nas várias manifestações contra o governo do presidente João Goulart.
O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais foi financiador de vários movimentos como o da Campanha da Mulher pela Democracia no Brasil. A partir de 1961, pode-se dizer, lançou as bases estratégicas para o Golpe Militar de 1964. Através de recursos provenientes de empresas nacionais e estadunidenses, buscava manipular a classe média e os mais pobres. Várias siglas de organizações se espalharam pelo país dando a impressão que era uma iniciativa popular, enquanto, na verdade, era tudo arquitetado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais.
A campanha criada em 1962, foi o resultado de vários pequenos grupos espalhados pelos estados brasileiros. Em Minas Gerais havia a Liga da Mulher pela Democracia, no Rio Grande do Sul era a Ação Democrática Gaúcha, no Ceará foi era o Movimento Cívico Cearense, em São Paulo formou-se a União Cívica Feminina e em Pernambuco organizou-se a Cruzada Feminina.
No Rio de Janeiro foi uma das organizações responsáveis por um dos atos mais marcantes do final do governo de João Goulart, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Este movimento que ocorreu em São Paulo reuniu milhares de mulheres que defendiam a democracia e a moral cristã, mas que, na verdade, era uma reação do segmento mais conservador da sociedade brasileira contra o famoso comício de João Goulart realizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que reuniu mais de 300 mil trabalhadores.
As ações sociais dessas mulheres cristãs que defendiam a democracia chegaram ao fim com o Golpe Militar de 1964.
Fontes:
DREIFUSS, René Armand. 1964: A Conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1987.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/campanha-da-mulher-pela-democracia/