Necrose Aguda de Retina

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A necrose aguda de retina trata-se de uma vasculite oclusiva severa que acomete em primeiro lugar as artérias retinianas e coroidianas, levando ao desenvolvimento de retinite necrosante.

Esta patologia foi descrita primeiramente no Japão por Urayama, no ano de 1971 e, na época, recebeu o nome de uveíte Kirisawa.

Esta condição pode resultar de uma reativação viral na retina de um vírus que estava latente, como pelo herpesvírus simples 1 e 2 (HVS-1 e HVS-2), ou pelo vírus da varicela zoster. A exata causa dessa reativação ainda não foi elucidada; todavia, é provável que deva haver uma predisposição genética para a doença.

Acomete ambos os sexos, em indivíduos de qualquer idade, podendo ter apresentação bilateral, embora a maior parte dos casos seja unilateral. Apesar de inicialmente esta doença ter sido descrita em pacientes imunocompetentes, nos dias de hoje é descrita como acometendo indivíduos que estão imunossuprimidos por qualquer motivo, como é o caso de pacientes com AIDS.

O desenvolvimento desta patologia geralmente inicia-se com o surgimento de lesões de coloração branco-amareladas, de redondas a ovais, situadas na retina profunda. A necrose da mesma pode se restringir a um quadrante, ou menos, ou afetar diversos quadrantes, confluindo na periferia, avançando até alcançar o polo posterior. Com a evolução da doença pode haver deslocamento da retina, sendo esta a principal causa de baixa acuidade visual. Em associação com a necrose, há inflamação autolimitada que, mesmo em casos não tratados, tende a sumir dentro de 6 a 12 semanas após o aparecimento dos sintomas.

A Sociedade America de Uveíte sugere que o diagnóstico de necrose aguda de retina deve ser feito com base na presença dos seguintes achados:

  • Um ou mais focos de necrose na retina, com arestas localizadas na periferia da mesma;
  • Progressão rápida da doença caso não seja feito o tratamento adequado;
  • Avanço circunferencial da doença;
  • Evidências do envolvimento vascular da artéria oclusiva;
  • Reação inflamatória importante da câmara anterior.

O comprometimento do nervo óptico, a presença de esclerite ou episclerite pode ajudar no diagnóstico, porém não é necessário que estejam presentes para o fechamento do mesmo.

O diagnóstico diferencial desta doença inclui:

  • Endoftalmite;
  • Síndrome de Behçet;
  • Uveíte intermediária;
  • Toxoplasmose;
  • Sífilis;
  • Retinite por citomegalovírus;
  • Sarcoidose;
  • Linfoma intra-ocular;
  • Necrose progressiva da retina externa.

O tratamento para a necrose aguda de retina abrange o uso de antivirais (aciclovir, valaciclovir ou famciclovir). Outra possibilidade é o uso de corticosteroides, fotocoagulação com laser de argônio e tratamento cirúrgico. O tratamento de eleição até o momento é o uso do aciclovir, administrado por via endovenosa, na dose de 10mg/kg, de 8/8 horas, durante 10 a 14 dias, seguido do uso do aciclovir por via oral, 800mg, a cada 5 horas por no mínimo 3 meses.

Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/abo/v68n4/v68n4a09.pdf
http://emedicine.medscape.com/article/1223047-overview
http://en.wikipedia.org/wiki/Acute_retinal_necrosis

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Arquivado em: Doenças
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