Nelson Falcão Rodrigues foi escritor e jornalista, considerado o nome mais influente da dramaturgia brasileira. Seus enredos eram polêmicos, mesclando tragédia e humor.
O escritor nasceu no Recife, Pernambuco, em 23 de agosto de 1912. Foi o quinto de catorze filhos. Seu pai, Mário Rodrigues, era deputado e também jornalista no Recife.
Por questões políticas, mudou-se para o Rio de Janeiro trazendo a família em 1916. Após alguns anos trabalhando no meio, Mário fundou o jornal “A Manhã” em 1925.
Nelson visitava as redações onde o pai trabalhava e desenvolveu interesse pela área. Aos 13 anos iniciou como repórter policial no jornal “A Manhã” e abandonou os estudos durante a terceira série do ginásio. Em 1928 publicou seu primeiro artigo, e no mesmo ano seu pai perdeu o jornal para o sócio. Logo após, Mário fundou o jornal “A Crítica”.
O jornal tinha grande circulação e sucesso. Em 1929, indignada com a publicação de uma matéria, uma das citadas invadiu o local e cometeu o assassinato do irmão de Nelson, o ilustrador e pintor Roberto Rodrigues. Em 1930 Nelson perdeu seu pai, vítima de trombose cerebral.
Nos anos seguintes o escritor contribuiu para o “Jornal dos Sports”, “Correio da Manhã” e “Última Hora" entre outros.
Sua primeira peça, “A Mulher Sem Pecado”, foi apresentada no Teatro Carlos Gomes em 1942. A segunda, “Vestido de Noiva”, foi montada no ano seguinte pelo grupo “Os Comediantes” no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1944, Nelson adotou o pseudônimo de “Suzana Flag” e escreveu “Meu Destino é Pecar”. “O Jornal” publicou a obra como folhetim contendo 38 capítulos e depois foi lançado como livro. Sob o mesmo pseudônimo também foram escritos outros títulos e uma autobiografia da personagem. Em 1946 escreveu "Álbum de Família", que abordava incesto e foi censurada, recebendo aval para publicação vinte anos depois.
Nelson e alguns de seus irmãos e irmãs trabalharam no jornal “Última Hora”. Lá ele escreveu as crônicas de “A Vida Como Ela É”, publicadas em forma de série na coluna diária.
Em 1954 escreveu a peça “Senhora dos Afogados”, barrada pela censura. Em 1957, estreou como ator na peça “Perdoa-me Por Me Traíres”. Em 1960 sua peça “Boca de Ouro”, retratando os bastidores da reportagem policial, foi encenada nos palcos do atual Teatro Cacilda Becker.
Em 1961 a peça “O Beijo no Asfalto” alcançou grande sucesso, ficando sete meses em cartaz no Teatro Ginástico.
Nos anos seguintes estreiam as telenovelas “A Morta Sem Espelho” e “Pouco Amor Não é Amor”.
Em 1965 escreveu “Toda Nudez Será Castigada”, adaptada para o cinema e premiada no primeiro Festival de Gramado em 1973. Também conquistou o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Em 1974 estreia a peça “Anti-Nelson Rodrigues”. Em 1978 a crônica “A Dama do Lotação” chega ao cinema, protagonizada pela atriz Sonia Braga. Escreve sua última peça, “A Serpente”.
Nelson Rodrigues escandalizou público e imprensa com seu estilo marcante, criando textos recheados de crimes e escândalos.
Após complicações cardíacas e respiratórias, faleceu no dia 21 de dezembro de 1980 no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista.
Algumas obras
Peças:
- A mulher sem pecado, 1941
- Vestido de noiva, 1943
- Álbum de família, 1946
- A falecida, 1953
- Os sete gatinhos, 1958
- Boca de ouro, 1959
- O beijo no asfalto, 1960
- Toda nudez será castigada, 1965
- A Serpente, 1978
- Meu destino é pecar (Suzana Flag), 1944
- Escravas do amor, 1944
- Minha vida, 1944
- Núpcias de fogo, 1948
- A mentira (Suzana Flag), 1953
- O homem proibido (Suzana Flag), 1959
- Asfalto selvagem, 1959
- O casamento, 1966
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/literatura/nelson-rodrigues/