Na literatura espanhola é chamado de romancero viejo o conjunto de baladas medievais breves, originárias dos cantares de gesta (poemas épicos castelhanos) produzidas entre meados do século XIV, e todo o século XV.
São obras geralmente anônimas, cantadas por populares e trovadores (os chamados juglares), de tradição oral, poemas épico-líricos breves cantados com o acompanhamento de um instrumento musical da época. Como são originalmente parte de uma composição musical, os versos dessas obras respeitam em geral as características de uma melodia musical em detrimento das regras formais de composição poética. Muitos autores consideram ainda que o romancero viejo foi o precursor da moda de viola brasileira, que apresenta bastantes características desse estilo.
Destacam-se no romancero viejo a combinação de narração com diálogo, onde é importante a apresentação dos personagens, a aproximação com a realidade com uma grande força plástica e a capacidade de chamar a atenção do ouvinte para o tema central.
Os temas são bem variados. A grosso modo, pode-se citar alguns assuntos recorrentes, como:
- Romance Histórico ou lendário, com temas relacionados à história espanhola: Rei Don Rodrigo, o Cid, Bernardo del Carpio, Infantes de Lara, etc.
- Romances fronteiriços, que tratam da luta contra os mouros (muçulmanos) durante a Reconquista.
- Romances carolíngios, derivados da épica francesa: batalha de Roncesvalles e personagens relacionados a Carlos Magno.
- Romances novelescos, que narram uma variedade de tópicos, muitas vezes inventados
- Romances líricos, onde a narrativa é uma desculpa frágil para expressar os sentimentos do poeta anônimo.
O gosto por poemas épicos desaparece no século XV, mas sobreviveu como parte da cultura mais popular. Quando os menestréis executavam os poemas épicos, o público costumava pedir para que fossem repetidos os fragmentos mais interessantes. Assim, o povo assimilava e repetia muitos desses fragmentos mais interessantes, mas como isso era feito dentro de uma tradição estritamente oral, o conteúdo desses versos estava sujeito a constantes mudanças.
Desse modo, tais obras continuaram a viver na tradição popular espanhola e chegaram até nós de diversas maneiras:
- Cancioneiros manuscritos - cancioneiros são coletâneas (reuniões) das letras dessas baladas medievais, tal como ainda hoje reunimos as canções que mais gostamos em um caderno ou arquivo. Geralmente, o autor desses cancioneiros não tinha interesse ou conhecimento de notação musical, e por isso a melodia que acompanhava os versos (porém não todas) se perdia.
- Antologias impressas, como o "Cancionero general" compilado por Hernando del Castillo e publicado en 1511.
- Pliegos sueltos - pequenos livretos de quatro folhas vendidos a preço popular nas feiras e cidades, assim como o cordel nordestino, que aliás, deve sua origem a este tipo de folheto medieval. Dada a fragilidade do material envolvido na confecção desses folhetos, poucos sobreviveram aos nossos dias.
Bibliografia:
GABRIEL, Manolo. El Romancero viejo (em espanhol). Disponível em: <http://manolo-claselengua.blogspot.com.br/2010/11/el-romancero-viejo.html>. Acesso: 12/04/13.
El Romancero (em espanhol). Disponível em: < http://www.apuntesdelengua.com/blog/?page_id=1924 >. Acesso: 12/04/13.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/literatura/romancero-viejo/