Primeira Guerra Servil

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

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A Primeira Guerra Servil foi a primeira de três revoltas promovidas por escravos na república romana tardia.

No século II a.C., Roma já havia se constituído como uma República e já gozava de poderio e influência na Europa Ocidental. Estava em construção a base para o grande império que se formaria posteriormente e que conquistaria grande território. Uma das práticas comuns da sociedade romana naquela época era a escravização. Os escravos eram, geralmente, prisioneiros de guerra ou devedores. Não havia distinção de cor de pele para escravidão, poderia ser qualquer pessoa que se encontrasse nessas situações. Logo, esses indivíduos poderiam possuir alguns conhecimentos ou propriedades antes da escravidão.

Com o final da Segunda Guerra Púnica, em 201 a.C., os cartagineses foram expulsos da ilha Sicília e os especuladores se apressaram para comprar grandes quantias de terra com preços baixos. Essa situação causou grande mudança na organização das propriedades. Os sicilianos enriqueceram com a utilização de escravos, que eram baratos na região, e com uma condição privilegiada que permitia produzir excedentes para comercialização. Os grãos eram os produtos em destaque e a produção era muito baseada na utilização de escravos, o que abasteceu a região de muitos trabalhadores nessas condições. No entanto, havia certo desequilíbrio na Sicília. Enquanto os grandes produtores lucravam com o comércio de grãos e se beneficiavam da grande quantidade de mão-de-obra escrava, os escravos passavam por carências, pois os produtores nem os alimentava direito, e os pequenos proprietários não tinham espaço para crescimento. A carência dos escravos logo resultou em saques para que pudessem sobreviver e matar a fome que seus donos não se importavam. As pequenas propriedades eram os alvos, irritando e prejudicando seus proprietários.

Após algumas décadas do desenvolvimento deste processo, os escravos se organizaram em uma revolta. O escravo Euno liderou um movimento de revolta se declarando profeta. Ele foi auxiliado por Cleón, encarregado do comando geral de combate. Iniciava-se, então, a Primeira Guerra Servil. No início, Euno liderou duzentos mil homens, considerando homens, mulheres e meninos. Ele conseguiu conquistar a confiança dos escravos alegando poderes místicos e discursando sobre o interesse comum da liberdade. A revolta e os combates começaram no ano 135 a.C. e os escravos obtiveram algumas importantes vitórias contra os romanos que dominavam a Sicília. A dupla de liderança Euno e Cleón se manteve firme durante três anos, resistindo contra várias pequenas investidas romanas. Até que, em 132 a.C., a república romana enviou um exército com setenta mil homens para eliminar definitivamente a revolta. Diante de uma grande investida romana, Cléon morreu no campo de batalha e Euno foi capturado para ser levado a julgamento, porém faleceu antes.

A Primeira Guerra Servil foi o primeiro levante de escravos contra a república romana que ainda enfrentaria mais duas revoltas nas próximas décadas.

Leia também:

Fontes:
http://www.historia.uff.br/stricto/td/1463.pdf
http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/636/639

Arquivado em: Civilização Romana
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