O Anticomunismo é uma corrente ideológica com aversão aos princípios do comunismo.
A Revolução Russa de 1917 foi o evento que proporcionou repercussão mundial aos princípios ideológicos do Socialismo e do Comunismo. Formar-se-ia naquele ano a União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas (URSS), que adotaria essa vertente ideológica para gestão do Estado. Nas décadas seguintes, o modelo obteve êxito e foi capaz de participar da Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha, derrotando-a na frente de combate oriental. A União Soviética e os Estados Unidos se consagrariam como os principais vencedores do conflito internacional, substituindo-o por um novo confronto. A oposição ideológica entre capitalismo e socialismo/comunismo marcada pelos dois países geraria um confronto sem embates diretos chamado Guerra Fria, evitando o choque militar entre os dois países. A disputa pautava-se pela expansão da influência da ideologia no mundo e, neste confronto de ideias, semeou-se o temor à ideologia socialista/comunista.
Embora existissem discursos contrários ao comunismo desde o século XIX, foi durante a Guerra Fria que eles se expandiram e se tornaram uma arma muito importante no confronto ideológico. Os Estados Unidos adotaram explicitamente uma política anticomunista no mundo, sobretudo após o governo de Ronald Reagan. Enquanto o país norte-americano e a União Soviética dialogavam no plano diplomático, expandia-se o ideal anticomunista no cotidiano, semeado em toda e qualquer frente possível de ação.
O Anticomunismo não é um movimento político propriamente dito, ou seja, coerente, unificado e institucionalmente organizado. Trata-se de um ideal seguido por partidos políticos, governos e indivíduos de variadas atuações. Não há uma precisa definição do comunismo e de seus seguidores ou mesmo da forma de combatê-los. Em geral, os anticomunistas se preocupam com as ameaças às propriedades privadas e ao capitalismo, mas existem várias outras frentes de oposição.
Diversos países adotaram leis e práticas claramente anticomunistas. Por sua vez, a Igreja Católica pronunciou-se condenando oficialmente toda e qualquer forma de comunismo. Este cenário gerou governos que perseguiam severamente qualquer indivíduo relacionado com ideais de esquerda. A bandeira anticomunista era fundamental nos regimes nazifascistas de extrema direita estabelecidos na Alemanha e na Itália a partir da década de 1920. Com o final da Segunda Guerra Mundial e o advento da Guerra Fria, os Estados Unidos implantaram uma severa perseguição aos comunistas em seu território e exportaram esta postura para diversos outros países. Na América Latina, por exemplo, houve casos extremos de conduta anticomunista regendo países como Argentina, Chile e Brasil. Os três países viveram árduas ditaduras marcadas pela perseguição, censura, desaparecimento e assassinato de opositores políticos ou defensores de condutas consideradas de esquerda na política. Embora essas ditaduras militares tenham adotado o liberalismo econômico de influência estadunidense, rejeitavam o liberalismo democrático, sufocando qualquer tipo de discordância.
O ímpeto anticomunista recuou consideravelmente com o fim da União Soviética marcado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim, em 1989. O modelo socialista entrou em colapso e não foi capaz de suportar mais a disputa ideológica com o capitalismo. Desde então, a tensão anticomunista e contra posições de esquerda foi amenizada. Todavia, o anticomunismo ainda é um sentimento presente e, por vezes, defendido com o mesmo extremismo de outrora.
Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882002000200010
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=DAFuod3wqlAC&oi=fnd&pg=PA13&dq=anticomunismo&ots=kz6oi3eR_L&sig=YEfv8O55Z1nvJaiF_b4fY42GRQs
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782004000200019&script=sci_arttext&tlng=es
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociedade/anticomunismo/