A Teologia da Libertação é um movimento apartidário que engloba várias correntes de pensamento interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas condições sociais, políticas e econômicas.
O século XX foi muito intenso para a história da Igreja Católica. Foram muitas as inovações e transformações influenciadas internamente e também externamente. Frente ao crescimento de outras religiões cristãs ou do islamismo, os católicos tentaram se modernizar para chegar mais perto de seus fieis. Muitas barreiras ainda estão de pé, criando desvantagens frente a outras religiões, mas rígidas tradições de séculos, como a celebração das missas em latim, foram derrubadas. Na década de 1960, um novo movimento religioso ganhou força no interior da Igreja Católica e conquistaria a América Latina: a Teologia da Libertação.
A Teologia da Libertação recebeu influência de outras três correntes de filosofia religiosa: o Evangelho Social, a Teologia da Esperança e a Teologia Antropo-política. Em meio a essa associação de ideias, foi publicada uma obra em 1965 de autoria do teólogo Harvey Cox que causaria grandes impactos no pensamento religioso católico. O livro seguia caminhos opostos do venerado Santo Agostinho, argumentando que, no século XX, a dualidade mundo terreno/mundo espiritual teria sido superada pela dualidade mundo proletário/mundo burguês. Frente às renovações propostas, Rubem Alves publicou um livro que foi emblemático para a afirmação da Teologia da Libertação, no qual propunha o nascimento de novas comunidades cristãs.
A Teologia da Libertação não se baseia na interpretação eclesiástica da realidade, mas na realidade da pobreza e da exclusão. Seus proponentes a descreveram como interpretação analítica e antropológica da fé cristã. Mas, ao agregar várias correntes de pensamento, o movimento absorveu crenças da Umbanda, do Espiritismo, do Islamismo e até do Xamanismo. Apesar da internacionalização da Teologia da Libertação, a América Latina reúne seus maiores representantes, como o padre peruano Gustavo Gutiérrez, o brasileiro Leonardo Boff e o uruguaio Juan Luis Segundo.
O movimento foi acusado de deturpar o caminho divino e é criticado por adotar o marxismo como base ideológica. A Igreja Católica dedicou dois documentos à Teologia da Libertação na década de 1980, considerando-a herética e incompatível com a doutrina católica. Em vista da oposição dos tradicionalistas, a Teologia da Libertação está em declínio, pois seus principais líderes envelheceram ou faleceram e o movimento registrou baixa adesão de novas gerações. Os teólogos da libertação se reúnem em Fóruns Mundiais de Teologia e Libertação a cada dois anos com a proposta de debater alternativas para o mundo. Na opinião dos opositores, contudo, o movimento já morreu.
Fontes:
Boff, L. Jesus Cristo Libertador. 18a edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
Dussel, E. Teologia da Libertação – Um panorama do seu desenvolvimento. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
http://www.ensayistas.org/critica/liberacion/varios/Galilea.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000100005&script=sci_arttext&tlng=pt#not12
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/religiao/teologia-da-libertacao/