O ato de educar deverá ultrapassar a simples rotina de ir à escola, pedir para que os alunos abram o livro na página n e “plagiar” todo o conteúdo do livro didático. Este, sendo importante fonte de referência, deverá ser utilizado de maneira complementar, mas não exclusiva. É importante ao educador o conhecimento da importância das dimensões sociais, teóricas, filosóficas e culturais na prática de ensino.
Independente da visão particular que lhe é de direito, o professor deverá sempre consultar novas visões, novas práticas, novos meios que facilitem o ensino e promova a real aprendizagem. Ainda nesse campo, é importante que se diga que os múltiplos pensamentos, dos vários pensadores da educação, conduz a educação para uma plataforma de infinitas possibilidades, cabendo a cada educador escolher aquela possibilidade que melhor lhe direcione rumo ao sucesso.
Educação e sociedade
A educação, seja em qualquer sociedade, tem como principal função a transmissão da cultura adquirida ao longo de sua existência, ou seja, o foco primordial da educação é não deixar morrer os conhecimentos e manifestações descobertos e aperfeiçoados pelos seres sociais das gerações passadas e presente.
Segundo Aranha (2006), todos os povos possuem uma educação pela qual transmitem uma cultura, seja de maneira formal (em instituições específicas – escola, igreja), ou informal (de maneira espontânea, a partir do senso comum). (LAGAR et al. 2013)
Sendo a sociedade, e sua organização, dinâmicas, a escola figura como parte integrante dessa dinâmica e, sendo assim, deverá acompanhar essas mudanças e adaptar-se a elas. É o processo de mutação sofrido pelas práticas de ensino para atender às diversas peculiaridades dos indivíduos advindos de uma sociedade viva, mutante.
Nesse cenário de mudanças contínuas e adaptações com mesma continuidade, a relação entre o professor e o aluno, a prática docente, a convivência social, estão repletas de significados sociais. Para o êxito educacional e social, teremos que adquirir uma visão de sociedade, de educação, de aluno, de professor e de ensino que nos permita compreender as gêneses das necessidades de interferências da educação escolar.
Alexander Neill
Antes da abordagem sobre Neill, julgo importante esclarecer que a educação, seja qual for a sua forma, é caracterizada por um conjunto de regras, que possibilitam a sua organização e funcionamento. Esse conjunto de regras caracteriza o aspecto dogmático da educação. Porém, o uso que se faz desse conjunto de regras, organização ou alienação, é que muda de acordo com a visão dos seus originadores.
O estudo das dimensões filosóficas, teóricas e da prática pedagógica, possibilita a revelação daqueles que pensam a educação como sendo uma forma de dominação. Esse tipo faz da educação uma ferramenta a favor de benefícios próprios, e nunca do bem-estar social.
Alexander Neill foi um destacado educador, escritor e, consequentemente, pensador. Foi ele o criador e dirigente da famosa escola de Summerhill, que recebeu crianças de todo o mundo com as propostas originadas pelo seu criador. Neill nasceu no ano de 1883 e faleceu no ano de 1973, deixando um incalculável legado que contribuiu para profundas reflexões sobre a educação mundial.
Neill tinha formada uma ideia sobre a escola tradicional: por nascer de um sistema capitalista, ela é “repressora e obriga a criança a se adaptar a uma sociedade doente, marcada pela divisão entre ricos e pobres” (LAGAR et al., 2013). O educador inglês não dava importância às aulas, comparando-as com a obrigatória escolha religiosa imposta por alguns governos. Para ele, as aulas deveriam ser optativas, nunca obrigatórias.
A felicidade, na visão de Neill, da criança tinha papel fundamental na aprendizagem. Ainda para ele, a felicidade era adquirida a partir da liberdade, da espontaneidade. A criança deveria aprender num ambiente marcado pela liberdade, que gerava a felicidade e, consequentemente, situações reais de ensino e aprendizagem. Porém, deve-se destacar que a esse mesmo ambiente de liberdade, também se inseria a indispensável responsabilidade.
O próprio ato de aprender já dá origem à felicidade. Quando o indivíduo aprende, automaticamente modifica vários comportamentos, sendo um deles o da autoconfiança, que remete à felicidade. Esta, por sua vez, irá transcender os muros da escolar, será levada para casa e depois à sociedade. Indivíduos que aprendem constantemente compõem a parcela feliz da sociedade.
Nas palavras de Alexander Neill:
“Para resumir, meu ponto de vista é que a educação sem liberdade resulta numa vida que não pode ser integralmente vivida. Tal educação ignora quase inteiramente as emoções da vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta de oportunidade de expressão deve resultar, e resulta, em insignificância, em fealdade, em hostilidade. Apenas a cabeça é instruída. Se as emoções tivessem livre expansão, o intelecto saberia cuidar de si próprio.”
Na concepção de Neill, além de a criança não ser obrigada a frequentar a aula A ou B, nenhum adulto tem mais direito que uma criança, todos possuem direitos iguais, respeitados os limites.
Não importa a origem do pensamento, ele sempre terá uma dose de fundamento. O educador comprometido com a real aprendizagem irá buscar os pontos que favoreçam a sua prática nas mais varias fontes, das mais variadas origens. Educar é, portanto, um processor de pesquisa e adaptação à realidade vigente.
Referências bibliográficas:
LAGAR, Fabiana; SANTANA, Bárbara Beatriz de; DUTRA, Rosimeire. Conhecimentos Pedagógicos para Concursos Públicos. 3. ed. – Brasília: Gran Cursos, 2013.
WIKIPÉDIA. Alexander Sutherland Neill. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Sutherland_Neill. Acessado em: 14 de fevereiro de 2014
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/educacao/educacao-e-sociedade-segundo-a-visao-de-alexander-neill/