Marcelino foi o 29º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma em data desconhecida, Marcelino viveu no terceiro século da era cristã, época de dificuldades e perseguições para os fieis que professavam tal fé. Naquele momento, o cristianismo ainda não era reconhecido como religião oficial do Império Romano e dava seus primeiros passos contra a repressão do paganismo. Em função disso, os cristãos sofriam constantemente com perseguições, assassinatos e martírios que não poupavam nem mesmo o Sumo Pontífice e a mais alta hierarquia dentro da Igreja Católica. Nem sempre o relacionamento com os imperadores era satisfatório, pois variava em função da concepção de cada um deles. Essa instabilidade perduraria por mais de um século ainda até a situação dos cristãos se tornasse mais confortável e a religião fosse declarada como oficial do Império. Sabe-se pouco sobre a vida de Marcelino, o mais preciso é que ele foi eleito papa no dia 30 de junho de 296 para suceder o Papa Caio.
O Papa Marcelino precisou enfrentar a conjuntura de perseguição durante seu pontificado. Enquanto liderou a Igreja Católica, teve que se defender de um grande movimento pagão que tinha o intuito de confrontar o cristianismo. O movimento foi liderado por César Galério, em 302, o qual convenceu o Imperador Diocleciano do perigo que era oferecido pelos cristãos a Roma. Acredita-se, inclusive, que César Galério tenha promovido algumas ações de distúrbio para culpar os cristãos. Verdade ou não, o certo é que o Imperador Romano decretou seu primeiro édito de perseguição e intolerância aos cristãos. A influência de César seria fundamental para a grande perseguição promovida por Diocleciano. De início, os soldados cristãos tiveram que abandonar o exército, as propriedades da Igreja foram confiscadas e seus livros sagrados queimados. Os cristãos se deparavam com inúmeras restrições, eram forçados a renunciar a própria fé e suas manifestações foram impedidas. A esposa e a filha de Diocleciano, que eram cristãs, foram forçadas a professar o paganismo. Em função de todo esse contexto, nada há de registro sobre as ações do Papa Marcelino durante seu pontificado. Naturalmente, ele estava preocupado com a sobrevivência da religião naquele período e também com a sua própria. Em 303, a perseguição apresentou maiores proporções, causando graves danos à Igreja.
Em meio ao conturbado período vivido pelos cristãos e a Igreja Católica, o Papa Marcelino chegou a ser acusado de ter entregue os textos sagrados e feito ofertas aos deuses pagãos para escapar das perseguições. Supostamente, o papa teria apostatado e logo depois se arrependido, o que causaria a ira de Diocleciano, que o condenaria à morte. Mas nada disso foi comprovado. No entanto, sabe-se que a conduta do papa não era aprovada pelos cristãos.
O Papa Marcelino foi rapidamente venerado e muito se disse sobre seu processo de martirização, mas o mais provável é que o papa tenha falecido de causas naturais no ano 304. O dia preciso também é uma incerteza, mas provavelmente no mês de outubro. Ele permaneceu à frente da Igreja por oito anos e faleceu após dois anos de grandes perseguições de Diocleciano. Curiosamente, foi em seu pontificado que surgiu o primeiro país cristão, a Armênia. Diferentemente de seus antecessores, não foi sepultado nas Catacumbas de São Calisto, pois esta foi confiscada pelo imperador. Seu sucessor foi o Papa Marcelo I.
Fontes:
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes.
THOMAS, P. C. A Compact History of the Popes. St Paulos BYB, 2007.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/papa-marcelino/