Administração do Conhecimento

Por Camila Faria
Categorias: Administração
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O modelo de gestão conhecido por Gestão do Conhecimento (ou Administração do Conhecimento) é um conceito bastante amplo, mas que pode ser definido de forma simplificada como um “conjunto de técnicas, posturas e condutas dedicadas ao zelo do saber organizacional” (Figueiredo, 2005). Esse modelo de gestão ganhou força a partir da década de 90 em resposta às mudanças ocorridas no ambiente empresarial onde cada vez mais a informação e o conhecimento ganhavam notoriedade.

A partir da década de 70 a acirrada competição imposta pelas empresas orientais forçou uma drástica mudança na visão que até então se tinha das práticas gerenciais. Foi-se deixando de lado modelos antigos que ainda se baseavam na abordagem tradicional da administração, voltada mais para a produção em massa e para a eficiência do que para a qualidade e competitividade, assim, ao longo dos anos podemos observar que a evolução das abordagens administrativas nos leva de encontro a um novo conceito de empresa onde expressões como capital intelectual, capital humano, ativos intangíveis e inteligência empresarial, entre outros, ganham cada vez mais destaque.

Antes de nos aprofundarmos no conceito de Gestão do Conhecimento torna-se necessário fazer uma breve distinção entre conhecimento e informação. A informação pode ser definida como um conjunto de dados que possui algum valor ou significado para quem os utiliza. Já o conhecimento é um pouco mais amplo e complexo apesar de ser derivado da informação, pois ele está dentro das pessoas e é algo intuitivo, difícil de ser expresso e que está sempre em constante evolução devido as interações do indivíduo com o ambiente que o cerca. Devemos destacar também que o conhecimento é algo individualizado sendo diretamente influenciado pelas crenças e valores de cada pessoa.

O conhecimento ainda pode ser dividido em dois grupos, o tácito e o explícito. O conhecimento explícito é aquele que pode ser exteriorizado através da linguagem formal e que se encontra expresso na forma de manuais, instruções, expressões matemáticas e etc., já o conhecimento tácito é mais difícil de ser compartilhado, pois está incorporado à experiência pessoal e depende de fatores intangíveis como valores e crenças individuais, insights, habilidades e diversos outros. Para melhor ilustrar o que é o conhecimento tácito podemos usar o exemplo de um atleta profissional de elite; a parte técnica do esporte apreendida pelo atleta pode ser entendida como o conhecimento explícito, mas todos nós sabemos que um atleta de alto nível não é feito só de técnica, existe sempre alguma “habilidade” natural (o “saber fazer”) que o diferencia dos outros, mas que ele não conseguiria ensinar para outra pessoa, pois é algo difícil de ser expresso, esse é o conhecimento tácito.

Diante do exposto podemos dizer então que a gestão do conhecimento nas organizações é “o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida [desta] [...] organização” (SANTOS, 2001), ou ainda, que a gestão do conhecimento é a capacidade da empresa de identificar e transmitir conhecimentos relevantes aos seus funcionários criando possibilidades para que este conhecimento seja efetivamente aplicado em favor do desenvolvimento de vantagens competitivas para a empresa.  Desta forma, a gestão do conhecimento leva as organizações a atuar de forma mais segura e eficiente, pois garante a transmissão e a aplicação dos conhecimentos existentes evitando, por exemplo, o desperdício de tempo com a “descoberta” de soluções que já existiam ou ainda decisões equivocadas com base em informações erradas ou na falta de experiência.

Mas como ocorre o processo de criação do conhecimento organizacional? Para tentar elucidar esta questão Nonaka e Takeuchi (1997, apud Penteado et. al, 2008) desenvolveram a conhecida “espiral do conhecimento” que tenta explicar como funciona o processo de transformação do conhecimento dentro das organizações. Segundo os autores este processo se divide em quatro etapas conforme exposto a seguir:

Compreendido o conceito de gestão do conhecimento e as etapas que envolvem a criação do conhecimento organizacional, devemos agora nos voltar paras as técnicas usadas nesta árdua tarefa de gerir um bem intangível, o conhecimento. Porém, devido à complexidade e extensão deste tema selecionamos apenas algumas das principais técnicas utilizadas e apresentaremos a seguir um resumo destas, buscando abordá-las mais detalhadamente em artigos futuros.

Práticas de Gestão do Conhecimento adaptado de Penteado et. al, 2008

Aprendizagem Organizacional: Consiste em mudanças na base de conhecimentos da organização, na criação de estruturas coletivas de referência e no crescimento da competência da organização para agir e resolver problemas.
Benchmarking: Consiste em medir os processos, produtos e serviços de uma organização e, compará-los com os de outras empresas.
Coaching: É uma prática que procura integrar a totalidade da pessoa ao aprendizado, e não trabalhar apenas a informação ou um aspecto exclusivo das habilidades.
Comunicação Institucional: É a comunicação que proporciona a reunião das partes distintas da empresa, produzindo as condições para um trabalho coordenado de estruturas. Permitindo enfim, que as cúpulas empresariais atinjam as metas programadas.
Comunidades de Prática: É um complemento às estruturas formais que tendem prosperar em organizações onde há estágio elevado de confiança entre os gestores e os colaboradores.
Educação Corporativa: Consiste em processos de educação continuada, com vistas à atualização do pessoal de maneira uniforme em todas as áreas da organização.
Gestão de Competências: É a forma como a organização planeja, organiza, desenvolve, acompanha e avalia as competências ao seu negócio.
Inteligência Competitiva: É o sinônimo de capacidade de antecipar ameaças e identificar oportunidades por meio de um processo contínuo em que a informação é transformada em conhecimento e validade para a tomada de decisão.
Mapeamentos de Processos: Possibilita a visualização das interligações e interdependências entre os diferentes processos empresariais.
Melhores Práticas: Procedimento validado para a realização de uma tarefa ou solução de um problema.
Memória Organizacional: É um sistema de conhecimentos e habilidades para preservar e armazenar percepções e experiências, para que possam ser recuperadas posteriormente.
Mentoring: Reúne uma pessoa experiente e hábil, em uma área específica, com outra menos experiente, com o objetivo que esta última cresça e desenvolva habilidades específicas.
Normalização e Padronização: Proporciona meio para instituir comunicação entre clientes e fornecedores, possibilita a eliminação de barreiras técnicas, comerciais e reduz a variedade de produtos e a sua particular verificação da qualidade.
Portais Corporativos: São instrumentos fundamentais no esforço de compartilhar informação e conhecimento no interior das organizações.

Fonte:

FIGUEIREDO, Saulo. Para Entender o que é Gestão do Conhecimento. Disponível em: http://webinsider.uol.com.br/2005/08/29/para-entender-o-que-e-gestao-do-conhec imento . Acesso em: 10.ago.2010.

SANTOS, Antônio R. dos (Org.). Gestão do Conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial. Curitiba. Editora Universitária Champagnat. 2001. Disponível em: https://web.archive.org/web/20180715003346/http://www1.serpro.gov.br:80/publicacoes/gco_site/index.htm. Acesso em: 10.ago.2010.

PENTEADO, Rosângela de F. S.; CARVALHO, Hélio G. de; PENTEADO, João G. Práticas de Gestão do Conhecimento Presentes em um Programa de Sugestão Empresarial. Disponível em: https://web.archive.org/web/20100705014340/http://www.saepro.ufv.br:80/Image/artigos/Artigo22.pdf. Acesso em: 11.ago.2010.

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