Cadeia de valor é um instrumento estratégico de negócios que ajuda a determinar as operações internas e externas de uma organização que resultam em vantagem competitiva. A empresa que atinge vantagem competitiva apresenta uma rentabilidade sustentável, superior aos oponentes que atuam no mesmo setor. Um negócio rentável, por sua vez, é aquele que consegue manter uma margem favorável entre ganhos e custos. Pensando nisso, cada operação deve gerar o maior valor possível, visando manter o equilíbrio econômico e não comprometer a posição de destaque alcançada.
Desenvolvida por Michael Porter na década de 80, a aludida ferramenta corresponde a um modelo conceitual que privilegia as atividades que agregam valor, a relação monetária compreendida entre o que foi despendido para produzir e o que será recebido como pagamento pelo item produzido – não se referindo aos custos de produção propriamente ditos, mas ao preço atribuído a um produto ou serviço, que o cliente consente em desembolsar. Descreve o fluxo evolutivo, sob a perspectiva gerencial, de um conjunto de operações que se estende desde as fontes de insumos, passando pelos ciclos de produção, promoção e venda até a distribuição e destinação final ao consumidor.
O objetivo do modelo, basicamente um fluxograma de processos essenciais de alto nível refletindo as atividades que caracterizam os propósitos econômicos da empresa, é facilitar a identificação, análise e depuração dos procedimentos que apresentam maior proximidade com o cliente e com o mercado, ou seja, contribuir com a revisão e otimização das atividades que permitam o encurtamento do caminho havido entre a criação e a destinação final de um bem ou serviço.
Dependendo do tipo de atividade, a composição de uma cadeia de valor pode atingir proporções consideráveis tanto em extensão quanto em complexidade.
Vejamos, por exemplo, o caso da indústria de móveis. Sua cadeia pode começar a se manifestar a partir da provisão de sementes, produtos químicos, máquinas, equipamentos e água para o setor florestal. Em seguida, entram em ação as serrarias, que serão as responsáveis por acrescentar o principal insumo ao processo produtivo. A madeira, devidamente tratada ou beneficiada, será encaminhada à manufatura dos móveis onde demandará o emprego de outros materiais como pregos, parafusos, grampos, cola, plástico, borracha, tinta, etc., e passará por uma série de etapas até alcançar sua forma definitiva. Por último, dependendo do mercado a que os mobiliários serão destinados, podem surgir outros passos até chegar no consumidor.
Como vimos, o conceito de cadeia de valor promove a fragmentação das principais atividades da empresa em um conjunto cíclico de tarefas diferenciadas e interdependentes, cada uma contribuindo com a elaboração do bem ou serviço e com sua formação de valor. Tais atividades podem ser divididas em dois grandes grupos, um contendo as atividades primárias e o outro, as de apoio ou auxiliares.
As atividades primárias estão relacionadas a todas as fases de produção, venda e distribuição, bem como eventuais interações posteriores com o cliente. Podem ser divididas em cinco subgrupos genéricos como, por exemplo, logística interna, associada ao manejo de insumos; operações, ligadas às requisições dos processos produtivos e à utilização de matéria-prima; logística externa, associada ao armazenamento e distribuição do produto final; marketing e vendas, atividades de promoção ou oferta dos produtos; e assistência técnica, atividades relativas a eventuais auxílios ao consumidor no pós-venda.
Da mesma forma, as atividades de apoio podem ser classificadas em quatro categorias tais como: aquisição, referente a compra de materiais empregados no sistema produtivo; tecnologia e desenvolvimento, referente a todas as diligencias empreendidas no sentido de aperfeiçoar os processos produtivos e suas entregas; recursos humanos e, por fim, infraestrutura.
Diante do exposto, é possível concluir que a cadeia de valor é de extrema importância para as organizações de um modo geral porque oferece uma visão descentralizada dos processos produtivos e suas demandas, possibilitando a identificação dos entraves à geração de valor e permitindo intervenções de melhoria que favoreçam a competitividade e a rentabilidade do negócio.
Referências bibliográficas:
VELASCO, JOAQUIM GARRALDA RUIZ DE. La cadena de valor. IE business publishing, 1999.
MCLEOD, RAYMOND. Sistemas de información gerencial. Pearson Educación, 2000.
PORTER, MICHAEL E. Ventaja competitiva. Creación y sostenimiento de un desempeño superior. Compañía Editorial Continental, 1991.