Adotado pelos Estados Unidos na década de oitenta, o downsizing originalmente tinha como propósito – e ainda o conserva em certo nível, apesar das interpretações alarmantes e controversas a respeito – oferecer uma alternativa de gestão estratégica, uma saída frente aos entraves que os negócios em geral vinham experimentando.
Surgiu como uma opção promissora do rol de soluções representado pelas muitas propostas com objetivos voltados à competitividade existentes ou em desenvolvimento naquele momento, frutos de uma profusão de estudos e teorias estimulados pelas dificuldades que as organizações enfrentavam para manter suas atividades conforme o mercado adquiria consistência.
O contexto de então apontava para o crescimento desordenado das empresas, grande parte das quais obedecendo a uma orientação vertical densamente hierarquizada, caracterizada por um emaranhado de setores dissonantes e inflexíveis, situação que gerou a necessidade de efetuar algumas intervenções que tornassem mais qualificadas e fluídas as vias de acesso ao mercado.
De maneira geral, a ideia ainda não costuma ser muito bem vista, nem tampouco compreendida porque, entre outras medidas, a implementação do downsizing significa redução do quadro funcional, seu impacto mais expressivo e traumático, já que, visando restringir os custos, aumentar a eficácia e a rentabilidade da empresa, propõe a depuração, sintetização e descentralização dos processos de negócio, culminando no nivelamento da estrutura organizacional, daí a origem das palavras “enxugamento” e “reestruturação”.
Na verdade, os principais motivos que conduzem à prática do downsizing estão diretamente ligados a transformações ocorridas no ambiente de negócios, sobretudo a mudanças impulsionadas pelos avanços tecnológicos, pela multiplicidade de organizações disputando os mesmos alvos de interesse, bem como pelo alto nível de exigência e refinamento das pretensões do cliente quanto ao atendimento de suas necessidades.
No entanto, o processo de implantação depende de um planejamento consistente, com metas claras e objetivos bem definidos, pois o downsizing é usado como estratégia a longo prazo para reduzir custos objetivando aumentar a competitividade e a sustentabilidade do negócio.
Embora de modo superficial pareça uma providência tomada essencialmente em situações de crise, com efeito a abordagem é utilizada para garantir a viabilidade dos negócios colocando a eficácia dos processos sob perspectiva, ainda que sua adoção resulte em compactação da estrutura corporativa e consequentemente no corte de pessoal, por isso a associação.
Natural que tantas mudanças provoquem incertezas e ceticismos em razão das indefinições surgidas acerca do futuro. No entanto, a ferramenta mais indicada para administrar a situação, buscando sobretudo neutralizar quaisquer especulações que possam tumultuar o processo, é o emprego pontual e consistente da informação buscando o esclarecimento de todos os colaboradores da empresa, procurando comunicar de maneira o mais autêntica e elucidativa possível os motivos que conduziram a todas as transformações ocorridas e quais serão as possíveis repercussões.
O downsizing representa uma maneira de redefinir parâmetros e responsabilidades, além de alinhar e complementar os objetivos estratégicos da organização. Constitui um sistema com orientação horizontal que incentiva e promove o incremento de atribuições a todos os colaboradores, possibilitando a reorganização da pirâmide hierárquica. Dessa forma, aumentando o poder de decisão de cada um em todos os níveis da estrutura organizacional, proporciona poucas distorções no fluxo dos processos de negócio.
Como percebido, o resultado da aplicação do downsizing, em síntese, consiste no redimensionamento da envergadura da organização sob todos os aspectos, incidindo sobre sua infraestrutura, fundamentalmente sobre seus recursos humanos e consequentemente sobre seus processos internos, por meio de uma série de medidas planejadas e deflagradas sistematicamente, buscando um ideal construído ante o entendimento de que, manifestadas certas circunstâncias com potencial para comprometer a subsistência do negócio, pode ser mais sensato e vantajoso admitir um aparato empresarial diminuto, desde que mais ágil e flexível.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/administracao_/downsizing/