Consta que uma das mais antigas profissões do mundo, a de alfaiate, é de fato remota em sua origem. No início, após a fase da importância do vestuário no contexto das variações climáticas, onde sua função era essencialmente proteger o corpo, o ofício passou a progredir com o surgimento da preocupação com a estética sob o crescente descontentamento com as vestimentas impessoais até então produzidas por esforçadas donas de casa, passando algum tempo depois a ser cada vez mais requisitada por reis e cortes, contribuindo com a formação da identidade dos governos e servindo de padrão para outras nações, instaurando, por fim, os rudimentos daquilo que mais tarde viria a ser conhecido como moda.
Embora não com tanta demanda como nos “velhos tempos”, ainda hoje, dispor do clássico serviço costuma denotar status e bom gosto quando a intenção é trajar algo exclusivo, feito sob medida – perdão pela redundância –, exatamente de acordo com o desejo e a necessidade de quem pode pagar pela encomenda.
Como é possível constatar, ainda que preservando alguns procedimentos originais, a nobre ocupação certamente teve que se submeter a muitas transformações e ajustes – agora um trocadilho – para se adequar às constantes metamorfoses ocorridas em seu campo de atuação, tencionando manter, sobretudo, o foco nas exigências cada vez mais qualificadas de seu público alvo.
Qualquer semelhança com um projeto, atividade ou conjunto de atividades interligadas, sob dedicação temporária e propósito definido visando criar um produto, serviço ou resultado exclusivo, de acordo com a descrição fornecida pelo PMBOK, “manual” de boas práticas em gestão de projetos editado pelo PMI, Instituto de Gerenciamento de Projetos em tradução direta, autoridade máxima no assunto, é oportuna coincidência.
Diversas literaturas acrescentam que um projeto possui ao menos uma finalidade que justifique sua existência e pode servir de base para outros empreendimentos.
Além disso, sua natureza é inédita, uma vez que o contexto de sua concepção e composição admite a volatilidade de equipes, tecnologias e a influência de fatores externos. Quanto a seu desenvolvimento, a condução de um projeto geralmente é restrita pela limitação de recursos, o que resulta num de seus maiores desafios.
Seu início, meio e fim, ou seja, seu ciclo de vida, é determinado – o que o diferencia das demais atividades rotineiras de trabalho, peculiaridade, vale destacar, por trás de muitos fracassos causados por negligência com os prazos e por deficiência de planejamento, por exemplo.
Da mesma forma, o fato de ser conduzido por pessoas representa uma dificuldade adicional, pois requer aptidões complementares de caráter gerencial ligados à conciliação de comportamentos e competências, elementos determinantes para uma boa liderança das equipes.
Por último – e não menos importante –, a coexistência entre projetos variados – realidade distante do mundo ideal (e fantasioso), onde cada projeto aguardaria seu momento para se manifestar – exige certas habilidades de negociação e comunicação para que a urgência de cada compromisso seja satisfeita.
A gestão de projetos, por sua vez, corresponde a um conjunto contínuo e aparentemente disperso de práticas, técnicas e decisões que articulam fases, princípios, padrões, ferramentas, conhecimentos e informações voltados à administração de recursos e esforços empregados no cumprimento de tarefas evolutivas, convergentes a um ou mais objetivos substanciais do negócio.
Atualmente, o tema é considerado como de alta prioridade, uma vez que todas as organizações acabam fazendo parte de uma competição não declarada, mas acirrada para criar produtos inovadores, tempestivos e com qualidade crescente.
Uma gestão de projetos eficaz é aquela que gera um produto ou serviço que cumpre com as necessidades específicas do cliente e, paralelamente, cria condições para uma resposta rápida às diferentes demandas do mercado, possibilitando o reaproveitamento das experiências adquiridas.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/administracao_/gestao-de-projetos/