Antes de quaisquer observações a respeito do assunto, é importante entender o que significa seu elemento mais significativo: estratégia.
Inicialmente empregado com propósitos militares, o termo é amplamente utilizado na atualidade para designar toda e qualquer elaboração de ações ou procedimentos de caráter evolutivo, ou seja, sujeitos a reavaliações e reformulações periódicas, cuja adoção proporcione certo nível de resultados conforme alvos preestabelecidos, em meio a situações ou cenários de risco ou de incerteza.
Também compreende a consideração das possibilidades e desdobramentos anteriormente à tomada de decisão, com base na análise das oportunidades e ameaças que circundam determinados objetivos.
No contexto empresarial, diz respeito ao modo como uma organização decide mobilizar seus recursos de maneira integrada, após a definição de um meticuloso planejamento de medidas concebidas com a finalidade de obter vantagem competitiva. Representa a constituição de uma lista de ações direcionadas, embasadas numa situação inadequada no presente, mas que passa a ser visualizada como ideal, factível ou favorável no futuro.
Difícil refletir por que é imprescindível às organizações contemporâneas planejar cada passo num mercado que se apresenta cada vez mais traiçoeiro e voraz, sem abordar o estabelecimento e os efeitos da globalização.
Considerando o final dos anos oitenta ou um pouco mais adiante, noventa adentro, a maioria das pessoas só teriam contato com algum produto classificado como “importado” – as aspas se devem à perda de sentido da palavra em decorrência do fácil acesso a praticamente qualquer coisa hoje em dia – se tivessem o privilégio de conhecer alguém com o hábito viajar para o exterior de vez em quando.
Tínhamos um mercado previsível, provedor de produtos invariáveis fornecidos por empresas que se acreditavam vitalícias, algumas inclusive cujos nomes acabaram se tornando sinônimo daquilo que produziam enquanto possuíam o predomínio do negócio.
Então as fronteiras mundiais ruíram e com elas grande parte daqueles que, entorpecidos pela costumeira exclusividade e acreditando ser capazes de manter-se na zona de conforto, não se deram conta de que estavam em sérios apuros até que foi tarde demais para reagir.
Para os mais diligentes, tais circunstâncias fizeram da Gestão Estratégica e seus princípios uma saída lógica frente as turbulências que se instalavam.
Ao contrário do que possa parecer, o conceito vem sendo desenvolvido desde os anos 60 e tem como ideal promover a integração sinergética entre estratégia, negócios e mercado.
Não por acaso o tema corresponde a uma das áreas do âmbito da gestão com maior relevância, pois sua proposta consiste exatamente na elaboração de um conjunto de ações ou reações sintonizadas com as emanações ou tendências do meio de negócios em que a instituição está inserida, sempre com a intenção de possibilitar o avanço rumo a seus objetivos estratégicos e de manter sua condição competitiva.
Trata-se de um processo ininterrupto de gerenciamento estruturado, apoiado em três pilares fundamentais, planejamento, execução e acompanhamento da estratégia, fases em que ocorre, respectivamente, a definição da missão, visão, valores e objetivos da organização, seguido do direcionamento dos recursos para o curso escolhido e, por fim, o monitoramento e a avaliação dos procedimentos adotados, cuidando que permaneçam aderidos ao escopo estabelecido.
Entre muitas coisas a globalização contribuiu com o aperfeiçoamento e adequação dos processos de gerenciamento, expedientes sem os quais certamente seria muito difícil enfrentar os constantes desafios surgidos a cada instante no ambiente hostil de uma plataforma universal de negócios.
A princípio não se tinha ideia da carga reativa que esta nova realidade demandaria, até porque seus efeitos repercutiriam progressivamente. Talvez por isso muitas instituições se comportaram como o sapo cozido.
Diz a fábula que um anfíbio foi colocado numa panela contendo a mesma água a que estava habituado na lagoa. Com o fogo aceso, o ambiente foi aquecendo gradualmente e não o incomodou até que entrou em ebulição e o incauto virou ensopado.
Referências bibliográficas:
O que é Planejamento e Gestão Estratégica? Disponível em: <http://www.portal-administracao.com/2014/06/planejamento-gestao-estrategica-o-que-e.html> Acessado em: 30/07/2016
MAINARDES Emerson Wagner; FERREIRA João; RAPOSO Mário. Conceitos de Estratégia e Gestão Estratégica: qual é o nível de conhecimento adquirido pelos estudante de gestão?
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/administracao_/gestao-estrategica/