Private equity

Por Adilson Ortiz

Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Universidade Nove de Julho, 2008)
MBA em Gestão Empresarial (Universidade Nove de Julho, 2010)

Categorias: Administração
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Comenta-se que lá pelo longínquo século quinze, certo navegador ambicioso e destemido planejou estabelecer, por meio de uma dispendiosa expedição, um novo trajeto rumo a uma fonte de riqueza expressiva contida numa exótica região em outro continente, empreitada que não somente o tornaria consideravelmente próspero como também àqueles que compartilhassem de sua coragem e investissem os recursos necessários à façanha.

Acontece que um rei até aquele momento considerado como candidato lógico ao patrocínio, resolveu rechaçar a ideia porque tinha em mente outros planos dos quais um segundo comandante, igualmente valente e devidamente motivado, fazia parte. No entanto, certa rainha decidiu demonstrar que sob uma coroa a coragem é assexuada e, com a anuência de seu marido, forneceu o capital necessário para a viagem, o apoio logístico e gerencial para a reunião de todo o aparato essencial, inclusive com respeito ao recrutamento da tripulação, e estabeleceu as condições de partilha dos resultados, contribuindo com os rudimentos em que baseiam a estrutura dos fundos de investimentos modernos. O resto, como nossas memórias do ensino fundamental não nos permitem esquecer, é história.

Há muito tempo os fundos de investimento tem desempenhado um papel altamente relevante como agentes de atratividade e fortalecimento do sistema econômico em diversos países, sobretudo pelo viés da captação de recursos e diversificação das opções de investimento. No mesmo sentido, para algumas empresas que se encontram em dificuldades de desenvolvimento ou de crescimento, simbolizam um mecanismo de grande importância como alternativa de financiamento – em muitos casos de última instância – de suas atividades, uma solução que pode se revelar muito eficaz para os entraves financeiros geralmente cruciais por elas enfrentados particularmente em momentos de crise.

Os Fundos de Investimento Privados ou Private Equity, tecnicamente um tipo de capital de risco, correspondem a uma modalidade de investimento surgida nos Estados Unidos – curiosamente, parte do destino do audacioso explorador mencionado há pouco – nos anos 80 cuja proposta ou finalidade, basicamente, é aplicar recursos em empresas de porte médio já estabelecidas no mercado que, embora não consigam vencer seus desafios utilizando os meios previsíveis à sua disposição, tenham grande potencial de avanço. Dessa forma, a gestora do fundo interessada em patrocinar seus empreendimentos passa a atuar como participante no negócio – leia-se sócia, compartilhando a gestão e a administração da empresa por um prazo médio de dez anos –, com o objetivo de refinar sua estratégia, impulsionar seus resultados e aumentar seu valor de mercado, visando obter a máxima rentabilidade possível com a posterior abertura de capital. A contrapartida do contrato se dá habitualmente com a venda futura da parte que coube ao fundo, após o alcance dos objetivos planejados.

De acordo com Michael Rogers, especialista da EY, empresa global de Private Equity, o Brasil, como país emergente, apesar de ter sofrido uma série de repercussões negativas de âmbito econômico nos últimos tempos, mesmo em razão de todos os sinais contraditórios, é extremamente atrativo como opção de investimento porque apresenta as melhores oportunidades em razão da desvalorização de sua moeda, fato que pode funcionar como estímulo para os investidores externos.

Bom saber, porque, conforme dados do jornal Estadão, os fundos de private equity alcançaram mundialmente a robusta cifra de US$ 589 bilhões em 2016, apresentando uma queda de 2% em relação a 2015, conforme apuração realizada pela Bain & Company. As aquisições realizadas por esses fundos, por sua vez, sofreram uma queda de 18%. Já os desinvestimentos – estratégia de evasão total ou parcial de um investimento feito por um fundo private equity através da venda ou troca de participação – acusaram o montante de US$ 328 bilhões, baixa de 22% em comparação a 2015. Ao todo, ocorreram 984 transações.

Bibliografia:

PAVANI, C. (2003) O Capital de Risco no Brasil. Conceito, Evolução, Perspectiva, E-papers, Rio de Janeiro.

MATHONET, P. e MEYER, T. (2008) J-Curve Exposure: Managing a Portfólio of Venture Capital and Private Equity Funds, John Wiley & Sons, New York.

ANSON, M. (2006) Handbook of Alternative Assets, John Wiley & Sons, New York.

http://www.amanha.com.br/posts/view/1600#sthash.RmXW7748.dpuf, acessado em 20/04/2017.

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