O café foi a grande riqueza do Brasil durante um longo período, especialmente durante o Império e a Primeira República, até aproximadamente a ascensão do Estado Novo de Getúlio Vargas e o início da industrialização brasileira.
O poderio dos produtores de café era tão grande que alguns atribuem a própria origem da república brasileira em partes no descontentamento dos produtores de café do Brasil com a abolição da escravidão promovida chancelada pela família imperial.
A república brasileira ficou conhecida como Café com leite, pois os dois Estados produtores destes alimentos dominavam a política nacional (respectivamente, São Paulo com o café e Minas Gerais com o leite) e os Presidentes da República eram alternadamente de Minas Gerais e de São Paulo até que o presidente Washington Luís (paulista) quebrou o acordo e indicou o também paulista Júlio Prestes como candidato governista para a presidência.
Por ironia do destino, na atualidade, o Estado de Minas Gerais é que é o maior produtor de café do Brasil, enquanto São Paulo é apenas o terceiro maior produtor (ficando atrás ainda do Espírito Santo).
Por fim, alguns estados brasileiros se negaram a apoiar o candidato governista entre eles a Paraíba e o Rio Grande do Sul que lançaram a chapa do gaúcho Getúlio Vargas com o paraibano João Pessoa para respectivamente presidente e vice-presidente.
Com o assassinato de João Pessoa, a bandeira do Estado da Paraíba passou a ter a inscrição “NEGO” demonstrando que o Estado negou seu apoio ao candidato governista paulista. Além das cores preta (do luto) e vermelha da Aliança Liberal da qual João Pessoa fazia parte.
Além deste episódio, o café ilustra outras bandeiras no Brasil, pois não era apenas em São Paulo que ele era produzido. No Estado do Rio de Janeiro existe ainda hoje o chamado Vale do Café no sul do Estado e por isso os ramos de café ilustram a bandeira do Estado, juntamente com a cana-de-açúcar que era a riqueza do norte do Estado. Ele também está na Bandeira do Estado de Santa Catarina.
No Brasil são produzidas tanto a variedade Arábica quanto a variedade Robusta, as duas principais variedades de café produzidas no mundo. Ainda hoje o Brasil é o maior produtor de café no mundo, apesar de ter concorrentes consideráveis em outros países.
Tradicionalmente o cultivo de café no Brasil está concentrado no sudeste, sendo que deles apenas o Estado do Rio de Janeiro não tem mais um peso relevante na produção de café brasileira em decorrência da quebra do vale do café que acabou se voltando para a produção industrial e com uma considerável degradação ambiental em algumas de suas cidades.
O cultivo de café no Rio de Janeiro também foi responsável pelo surgimento da maior floresta replantada do mundo, pois onde hoje é a floresta da Tijuca (Rio de Janeiro) foi toda desmatada para o plantio do café, o que trouxe graves consequências ambientais ainda nos tempos do Império, como a seca. Para amenizar os danos ambientais, o imperador dom Pedro II ordenou o reflorestamento de toda a região.
A produção de café no Brasil pode ser dividida entre os grandes produtores que abastecem as grandes redes e os chamados microlotes, com cafés especiais para públicos mais seletos.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/agricultura/cultivo-de-cafe-no-brasil/