Carne Maturada

Por Gabriella Porto
Categorias: Alimentos
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A carne maturada nada mais é do que uma carne comum que passa por um processo enzimático natural de amaciamento, em condições controladas de temperatura, iniciado após o rigor mortis, que é o estado de extrema contração muscular do animal abatido, que ocorre cerca de 15 horas após o abate.

O tempo de maturação pode variar de 7 a 22 dias, de acordo com o corte e o resultado pretendido. No Brasil, não se costuma maturar a carne além de 15 dias. A maturação melhora o sabor, deixa a carne mais suculenta, o com um perfume mais acentuado, além de deixá-la absolutamente macia. No entanto, este é um processo demorado, que pode sofrer influencia de algumas variáveis, como a espécie e a raça do animal em questão, a velocidade de glicólise, quantidade e solubilidade do colágeno, comprimento do sarcômero das miofibrilas, força iônica e degradação das proteínas miofibrilares.

Durante o processo, a carne é embalada a vácuo, com o intuito de evitar o crescimento de bactérias aeróbicas putrefativas. O embalamento a vácuo também favorece o crescimento das bactérias láticas, que, por sua vez, produzem substâncias antimicrobianas, e contribuem no processo de amaciamento da carne. As enzimas responsáveis pelo processo de amaciamento são enzimas endógenas, já estão presentes na carne do animal. As principais enzimas são as calpaínas e as catepsinas, capazes de hidrolisar as proteínas miofibrilares.

O RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), só admite como carne o produto que tenha passado pelo processo de maturação: “Carne de açougue são as massas musculares MATURADAS e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a base óssea correspondente, procedentes de animais abatidos sob inspeção veterinária”. Ou seja, de acordo com o RIISPOA, não é considerada carne o que a maioria da população consome.
Mas a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) tem um conceito mais abrangente: “Carnes: todos os tecidos comestíveis dos animais de açougue, englobando músculos, com ou sem base óssea, gorduras e vísceras, podendo os mesmos ser in natura ou processados”.

É possível, e bem comum, encontrar um líquido de cor escura nas embalagens da carne maturada embalada a vácuo. Este líquido é decorrente da quebra das fibras musculares ocorrida no tempo de maturação. Esse processe libera proteínas, água e compostos solúveis, e a cor escura é rapidamente revertida a um vermelho vivo quando a embalagem é aberta. Esse é um fenômeno natural, que ocorre porque a mioglobina, proteína estrutural da fibra muscular, na ausência de oxigênio assume a coloração vermelha escuro. No entanto, quando exposta ao oxigêncio, ocorre a ligação mioglobina-oxigênio, fazendo com que a proteína assuma uma nova formação e passe a apresentar uma cor vermelho-vivo brilhante. Já a carne, mesmo após algumas horas de exposição ao meio ambiente, em presença de oxigênio, tende a manter uma coloração vermelho escuro, por vezes atingindo até mesmo a cor marrom.

Fontes:
http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/sic/carne-maturada-21799/
http://carnenossa.blogspot.com.br/2010/12/carne-maturada.html
http://super.abril.com.br/cotidiano/enzimas-fazem-carne-ficar-mais-macia-436838.shtml

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!