As lagostas são crustáceos da família Nephropidae e da mesma ordem dos caranguejos e siris (Decapoda). Diferente destes, as lagostas possuem longos abdomens musculares conectados ao seu cefalotórax e geralmente dez pares de pernas, sendo o primeiro par mais longo e largo, adaptado em pinças. As lagostas são encontradas no fundo dos oceanos, onde se escondem em tocas e frestas de formações rochosas, alimentando-se de peixes, algas, vermes, moluscos e plantas marinhas.
Com um exoesqueleto rígido composto principalmente de quitina, as lagostas passam por processos de muda no qual rompem a carapaça antiga e formam uma nova com acréscimo de tamanho. Durante esse processo, é normal ocorrer alterações na coloração do animal, causada pela biossíntese gradual de astaxantina, o principal pigmento de seus exoesqueletos. Contudo, espécies raras de lagostas com colorações diferentes da vermelha ou alaranjada (que são as mais comuns), podem ser vendidas por altos valores para aquários. Estas cores exóticas incluem lagostas albinas, azuis, róseas, amarelas e com manchas ocorrendo mistura de cores.
A porção dianteira do corpo das lagostas, o cefalotórax, representa uma fusão da cabeça e do torso do animal. Nele são encontrados de 6 a 8 pares de patas ambulatórias (usadas na locomoção), antenas, olhos compostos, mandíbulas e maxilas. Além disso, existe um outro grupo de apêndices acessórios chamados de maxilípedes, que ficam próximos a boca e auxiliam na manipulação de alimento. No abdômen, composto por seis segmentos, estão os pleópodes (que são apêndices adaptados para o nado), o télson e urópode. Todas estas estruturas em conjunto constituem a cauda natatória das lagostas.
Seus sistemas nervosos são complexos, constituídos de gânglio cerebral e nervos associados a locomoção e funções sensoriais. Suas antenas auxiliam no reconhecimento físico-químico dos seus arredores e seus olhos lhes concedem sensibilidade a luz. Seu sistema vascular é composto por coração, câmara pericardia e dutos de hemolinfa que percorrem todo o corpo. Seu pigmento vascular, a hemocianina, tem leve coloração azulada devido a presença de cobre e tem a função de carrear oxigênio pelo corpo. Um órgão importante encontrado nas lagostas é o hepatopancreas. De coloração esverdeada, ele tem funções tanto digestivas quanto hormonais, regulando parte do metabolismo do animal. O principal órgão de excreção fica localizado no cefalotórax, próximo ao gânglio cerebral, denominado de glândula verde. Os dejetos resultantes da digestão são expelidos pelo ânus, localizado no fim do abdômen abaixo do urópode.
As lagostas, assim como outros crustáceos, realizam fertilização interna. Os machos possuem pernas especializadas para segurar a fêmea, liberando sobre ela os gametas masculinos através do vaso deferente, um duto que conecta o testículo ao ambiente. Uma vez fecundados, os ovos são carreados em uma massa grande e amarelada que fica aderida na parte inferior do abdômen das fêmeas. Depois de um tempo de maturação, os náuplios (primeiro estágio larval) são liberados no ambiente. Eles crescem e mudam para protozoéia e depois um estágio juvenil similar ao adulto, mas reduzido em tamanho.
Uma questão interessante sobre a fisiologia das lagostas se refere a sua longevidade. Embora tenham uma estimativa de vida calculada em torno de 50 anos, pesquisas vem demonstrando que devido a presença da enzima telomerase expressa em grandes quantidades durante toda a vida das lagostas, seus telômeros, as porções terminais do DNA, não sofrem encurtamento, o que caracteriza o processo de envelhecimento celular. Deste modo, os adultos se conservam reprodutivamente ativos e férteis, com regeneração da musculatura a cada muda. Aparentemente, o que leva a morte da maior parte das lagostas é a predação e a pesca, que ocorre intensamente uma vez que elas são consideradas itens luxuosos na culinária humana. Uma pequena parcela com idade avançada pode morrer de exaustão durante o processo de muda devido ao alto requerimento energético necessário para completar a formação de uma nova carapaça. Em algumas espécies e que este processo cessa depois de décadas, o exoesqueleto se degrada com o tempo, o que também pode resultar na morte do animal.
Referências:
Hickman, C.P., Roberts, L.S. and Keen, S.L., 2016. Princípios integrados de zoologia . Grupo Gen-Guanabara Koogan.
Klapper, W., Kühne, K., Singh, K.K., Heidorn, K., Parwaresch, R. and Krupp, G., 1998. Longevity of lobsters is linked to ubiquitous telomerase expression. FEBS letters, 439(1-2), pp.143-146.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/animais/lagosta/