Porco-espinho

Por Paulo Henrique Pinheiro Ribeiro

Mestre em Zoologia (UESC, 2013)
Graduado em Ciências Biológicas (UEG, 2010)

Categorias: Mamíferos
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O porco-espinho, esse simpático, peculiar e distinto animal é na verdade um roedor (a mesma ordem dos ratos, capivaras e esquilos). O que torna os porco-espinhos (que também podem ser conhecidos no Brasil como ouriço-cacheiro, luís-cacheiro, coandú, cuandú, quandu, ou simplesmente ouriço) tão distintos são seus pelos rígidos e aculeiformes (em formato de agulha). Essa rigidez e formato que fez essa estrutura ser denominada como “espinho”. O porco-espinho, no entanto, não possui somente pelos em forma de espinhos. Em seu dorso há pelagem, porém esta não fica aparente à primeira vista pelo fato de os espinhos cobrirem todo o dorso. Os porcos-espinhos são divididos em duas famílias, os do novo mundo, que pertencem à família Erethizontidae e do velho mundo que pertencem à família Hystricidae.

Comportamento

São animais solitários, de hábitos noturnos e arborícolas. Costuma usar o solo com relativa frequência e são excelentes nadadores. A cauda preênsil funciona como “quinto membro”, apoiando o corpo enquanto escala árvores ou se movimenta de um galho para o outro. A gestação dura em média 60-70 dias e nasce apenas um filhote. O filhote nasce com alguns espinhos bem pequenos, no entanto, quando filhotes, os pêlos cobrem os espinhos.Os porcos-espinhos são herbívoros, se alimentam de uma grande variedade de frutos, sementes e folhas.

Distribuição e espécies

Porcos-epinhos são amplamente distribuídos no Brasil, o que lhes confere alta adaptabilidade a vários tipos de ambientes diferentes. O único Bioma brasileiro em que os porcos-espinhos não ocorrem são os Pampas, no sul do Brasil. No entanto, por ser um animal essencialmente arborícola, prefere as regiões florestadas dos Biomas em que ocorre. No Brasil, ocorrem oito espécies de porcos-espinhos, uma pertencente ao gênero Chaetomys e sete ao gênero Coendou, que são: Chaetomys subspinosus, Coendou insidiosus, Coendou melanurus, Coendou nychthemera, Coendou prehensilis, Coendou roosmalenorum, Coendou spinosus e Coendou speratus. Dentre essas espécies, quatro (Chaetomys subspinosus, Coendou insidiosus, Coendou nichtemera e Coendou roosmalenorum), são endêmicas do Brasil, ou seja, só ocorrem aqui. A espécie mais difundida é o Coendou prehensilis e aqui vamos falar um pouco sobre ele e sobre o Chaetomys subspinosus, única espécie do gênero Chaetomys.

Espécies

Coendou prehensilis: É a maior espécie de porco-espinho do Brasil, podendo atingir até 5kg de massa corporal. Podem ter até pouco mais de um metro da ponta do focinho à ponta da cauda, sendo que esta é bastante longa (tem praticamente o comprimento do restante do corpo), preênsil e possui espinhos apenas até em sua metade mais próxima ao corpo. A outra metade é coberta por cerdas. Os espinhos são tricolores, com a base e a ponta amareladas e o centro preto.

Coendou prehensilis. Foto: guentermanaus / Shutterstock.com

Chaetomys subspinosus: conhecido popularmente como ouriço-preto, essa espécie é endêmica do Brasil e especialmente da Mata Atlântica brasileira, ocorrendo em alguns estados do Sudesde e Nordeste do país. É consideravelmente menor que o Coendou prehensilis, atingindo no máximo 1,5kg de massa corporal.

Porco-espinho da espécie Chaetomys subspinosus. Foto: Leonardo Mercon / Shutterstock.com

Da família Hystricidae, o membro mais conhecido é o Hystrix cristata, ou, porco-espinho-africano. Essa espécie fica bem maior que o nosso Coendou, chegando à 20 kg e com espinhos com mais de 15 cm de comprimento.

Ameaças

A principal ameaça aos porcos-espinho é o desmatamento. Como dito antes, esses animais são arborícolas, a derrubada de árvores reduz seus habitats, limitando as áreas de ocorrência, reduzindo seus recursos alimentares e aumentando a probabilidade de competição entre esses animais. O porco-espinho não é um animal comumente caçado para alimentação e também não possui histórico de conflitos com humanos como predadores ou animais que se alimentam de plantações, no entanto, algumas populações tradicionais acreditam que seus espinhos tenham propriedades medicinais, e podem, porventura, caçar esses animais para o devido fim. Contudo, essa não é nem de longe uma ameaça para a persistência da espécie. O desmatamento desenfreado tem todo potencial para erradicar os porcos-espinho em um futuro não tão distante.

Referências

Amori, G. & De Smet, K. 2016. Hystrix cristata. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T10746A22232484. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-2.RLTS.T10746A22232484.en. Downloaded on 05 August 2019.

Paglia, A. P., G. A. B. Fonseca, A. B. Rylands, G. Herrmann, L. M. S. Aguiar, A. G. Chiarello, Y. L. R. Leite, L. P. Costa, S. Siciliano, M. C. M. Kierulff, S. L. Mendes, V. C. Tavares, R. A. Mittermeier & J. L. Patton. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª edição. Occasional Papers in Conservation Biology 6: 1–76.

Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W.A.; Lima, I.P. Mamíferos do Brasil. 2.ed. Londrina: Nélio R. dos Reis, 2011. 439p.

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