Uma vez apresentado o abjad árabe, são necessárias algumas considerações antes de se estudar as primeiras frases.
Sendo mais específico, a escrita árabe é considerada um abjad imperfeito. Inicialmente, no período da escrita cúfica (antes do Islã e até três séculos depois), o sistema árabe registrava apenas as consoantes. Assim, o leitor precisava estar bem familiarizado com a língua para poder ler um texto. Ainda hoje encontramos esse formato sem qualquer marcação.
Tomemos como exemplo o nome do profeta do Islã, Maomé:
Lembre-se, que em árabe, a leitura é SEMPRE da direita para a esquerda. Agora, fica fácil entender a razão de haver várias formas de escrever Maomé no alfabeto latino. Estou certo de que todos já viram várias destas formas, como Mohamed, Muhammad, etc. etc. O registro de seu nome é geralmente deixado no modo tradicional, apenas com as consoantes, o que gera várias formas na hora da conversão para o alfabeto latino. Isso acontece com vários outros nomes árabes.
Com o tempo, a escrita foi recebendo os chamados sinais diacríticos, para que as vogais fossem devidamente reconhecidas. Em muitos casos, como por exemplo, livros infantis ou mesmo textos da Hadith (corpo de leis e histórias da trajetória de Maomé), onde a precisão do texto é fundamental, tais sinais são sempre utilizados.
Esta aula irá trazer apenas uma introdução ao assunto, já que a pessoa que acompanha esta série provavelmente deve estar tendo seus primeiros contatos com a língua.
O primeiro sinal é o fatḥa. Trata-se de uma simples linha diagonal, utilizada para assinalar a vogal "a". Não confunda com o ʾalif, utilizado para registrar o "a" tônico.
A letra "b", por exemplo, sem esse sinal, tem o simples valor de "b", e é o leitor quem preenche, de acordo com sua própria pronúncia a vogal, de acordo com seu sotaque. Já com este sinal indicativo, fica claro que a vogal a ser completada pelo leitor será um "a". Assim:
A seguir, temos o kasrah, que é igual ao fatḥa, só que é colocado embaixo da letra. Serve para indicar a vogal "i". Veja:
Por fim, temos o ḍammah, que é semelhante ao numeral 9 deitado. Ele é colocado acima da letra para indicar a vogal "u". Assim:
Temos também o shadda, que é um sinal parecido com um "w" inclinado para cima e para a direita. Serve para marcar consoantes duplas (geminadas). O exemplo mais marcante que se pode dar é o do nome de Deus, ou Allah (Alá), em árabe:
Assim, toda vez que se precisa indicar a repetição de consoante, coloque o shadda sempre na segunda consoante.
Por fim, merece menção a ligadura lām-ʾalif, muito comum, e que ocorre toda vez em que ambas a letras, respectivamente, se encontram na mesma palavra:
لا
Dependendo do contexto e do hábito, estes símbolos estarão ou não presentes. Há outros além desses símbolos, dois deles já foram vistos, como o hamza e o tāʾ marbūta. O importante por enquanto, é saber da existência destes sinais apresentados e seus valores.
Elaborado por Emerson Santiago Silva