Arte Bruta

Por Amanda Sabioni

Graduada em Artes-Dança (Unicamp, 2018)

Categorias: Artes
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A Arte Bruta surgiu no contexto da Europa pós Segunda Guerra Mundial, mais especificamente na França com o artista Jean Dubuffet. Muitos também consideram o termo Outsider Art, arte de fora em português, como uma outra definição de arte bruta. Todavia, embora os termos defendam os mesmos princípios para a arte, o segundo, foi criado por Roger Cardinal alguns anos depois de Dubuffet.

Esse momento da arte buscava dar voz a artistas que fugiam do conservadorismo artístico tanto na motivação e elaboração da obra como na divulgação. Para Dubuffet, a arte bruta era a autêntica expressão criativa do artista que, longe de padrões estéticos, colocava em suas obras seus sentimentos e emoções. Esse movimento vem como uma oposição à razão e à sistematização da arte ao valorizar a subjetividade, a individualidade e a não comercialização da obra.

Entretanto, quando a Arte Bruta é discutida e conceituada como arte, passando a ocupar espaços artísticos como museus e galerias, um paradoxo é instaurado. Ele surge no cerne do conceito de Arte Bruta, pois sua legitimação pela sociedade artística vai ao encontro do seu fundamento original que é o questionamento do mercado das artes e da cultura tradicional. Esse e alguns outros motivos foram alvo de críticas a Dubuffet e à Arte Bruta.

L'Hourloupe, obra de Jean Dubuffet.

As colagens, pinturas e esculturas eram feitas com materiais que fugiam do convencional artístico como a tinta a óleo, o bronze e o cobre. O objetivo era expressar o que o artista estava sentindo, para isso, era utilizado tudo o que estava ao alcance para a concretização da obra. Dessa forma, os materiais iam do comum ao inusitado, por exemplo, sangue, resíduo industrial, asas de borboleta, areia, gesso, giz de cera, tinta de caneta, entre outros.

O Bruto e a Loucura

Debuffet tinha um fascínio pelo estudo da psiquiatria, portanto, a Arte Bruta teve fortes influências dessa área. O contato com a obra A Arte do Insano (1922) aproximou os ideais da Arte Bruta da realidade da Arte Psiquiátrica. Esse fator leva muitos a definirem um caráter terapêutico para as obras brutas, embora isso seja um equívoco.

Dar uma função social para a arte era exatamente o oposto do que Dubuffet defendia. Portanto, apesar da arte desenvolvida em hospitais psiquiátricos trazer à tona a pura expressão do artista, o subjetivo e o espontâneo, o simples fato dela se tornar material de avaliação psicológica fere os fundamentos brutos.

Características da arte bruta

Artistas

Os artistas brutos não tinham formação em instituições de arte e criavam pela pura necessidade de expressão, colocando para fora o caos emocional que viviam internamente. Ademais, não é uma regra, porém, grande parte deles apresentam traumas e patologias psiquiátricas em sua história de vida. Alguns exemplos são:

Referências Bibliográficas:

ART Brüt. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em:  Acesso em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3776/art-brut> 11 de dezembro de 2021. Verbete da Enciclopédia.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ARTE OUTSIDER. Artistas. Disponível em: <http://aparteoutsider.org/?page_id=256>. Acesso em: 11 dez. 2021.

BRITANNICA. Art Brut. Disponível em: <https://www.britannica.com/art/art-brut>. Acesso em: 11 dez. 2021.

COSTA, T. A. A Arte Bruta de Jean Dubuffet. Palíndromo, Florianópolis, v. 11, n. 25, p. 115-130, 2019. DOI: 10.5965/2175234611252019115. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/13369. Acesso em: 11 dez. 2021.

THE ART STORY. Art Brut and Outsider Art. Disponível em: <https://www.theartstory.org/movement/art-brut-and-outsider-art/>. Acesso em: 11 dez. 2021.

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