O Movimento Armorial tem seu marco inicial alicerçado na obra do escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, integrante da Academia Brasileira de Letras. Tendo como meta fundamental elaborar uma arte de natureza erudita entretecida por ingredientes típicos da cultura popular, esta corrente artística foi lançada no dia 18 de outubro de 1970, em um ritual consagrado na Igreja de S. Pedro dos Clérigos, acompanhado por uma mostra de artes plásticas e pela apresentação da Orquestra Armorial de Câmara, que tinha então como regente o maestro Cussy de Almeida.
Esta corrente é marcada principalmente pela tendência de Suassuna em sintetizar elementos e figuras da cultura do povo nordestino e obras clássicas da literatura universal. Esta mistura de gostos e expressões é o móvel que inspira o tempo todo o autor e seus companheiros do Movimento Armorial, que foi criado para fazer face ao massivo domínio dos imperativos culturais estadunidenses no Brasil.
Os integrantes do Movimento têm como objetivo empenhar todas as modalidades artísticas nesta direção – música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões. Assim, figuras de todos os campos se uniram neste esforço nos anos 70: Antonio Nóbrega, Antonio José Madureira, Capiba, Jarbas Maciel e Guerra Peixe, dentre outros nomes conhecidos.
A Corrente Armorial está profundamente vinculada à produção da literatura de cordel, à moda de viola, a instrumentos como a rabeca, a qual cria a atmosfera sonora que sustenta o canto dos músicos que seguem esta filosofia. As capas de seus trabalhos são manufaturadas com a técnica própria da Xilogravura, segundo os ditames desta arte inovadora.
A expressão ‘armorial’, um substantivo em nossa língua, sempre teve o sentido de ‘livro de registro de brasões’; Suassuna, porém, conferiu-lhe um caráter adjetivo, para que assim ela definisse qualitativamente o canto do romanceiro – coleção de romances pertencentes a diversas escolas literárias -, os acordes da viola e os demais elementos que tecem este movimento.
Sob a batuta de Suassuna o movimento deslanchou, com a participação ativa de diversos artífices e escritores do Nordeste brasileiro e o suporte essencial do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco, conquistando também o auxílio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.
O Movimento Armorial deu um impulso significativo à cultura brasileira, permitindo, assim, que ela fosse respeitada em todo o Planeta. Ele não se restringiu ao âmbito cultural, uma vez que estendeu sua influência também ao universo da moda e à esfera comportamental, gerando na época uma marca existencial típica do final do século XX.
Nesta corrente cultural tudo que representa a cultura popular é realmente significativo, desde as encenações em ruas e praças, com imagens extraídas do contexto mítico, cantares, trajes de príncipes tecidos com farrapos, bichos enigmáticos como o boi e o cavalo-marinho, integrantes do bumba-meu-boi, até os teatros de bonecos e outros elementos da criatividade nordestina.
Fontes:
http://nandoagra.sites.uol.com.br/armorial.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Armorial
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/artes/movimento-armorial/