Obras de Cândido Portinari

Por Felipe Araújo
Categorias: Pintura
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Cândido Portinari foi um pintor, ilustrador e professor brasileiro. O artista teve sua origem em uma família pobre de imigrantes italianos, o que foi de grande influência em suas criações. A temática essencial da obra de Portinari é o povo, o homem trabalhador representado dentro de um contexto social de exploração. Entre suas produções, destacam-se:

Baile na Roça (1924)

Obra realizada em óleo sobre tela, Baile na Roça apresenta uma festa entre camponeses. Os personagens destacados são dois casais dançantes, um sanfoneiro, um homem negro e um senhor sentado à mesa com um cachimbo. Ao fundo percebem-se algumas silhuetas de pessoas que parecem dançar.

Baile na Roça, obra de Cândido Portinari.

Baile na Roça é uma obra que remete a uma época marcante da vida de Candido Portinari. Devido a um prêmio que tinha ganhado, estava em Paris. Em seu retorno, o primeiro registro que fez do Brasil ocorreu nesta obra. A festa retratada é uma celebração popular que ocorria em Brodósqui, cidade do interior de São Paulo em que o pintor nasceu.

À época desta criação, Portinari tinha apenas 20 anos e estudava na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Embora bastante reconhecida como um ícone da arte brasileira, Baile na Roça foi uma obra recusada pelo Salão Oficial da Escola de Belas Artes de 1924. O motivo desta recusa foi a alegação de que a pintura não tinha compatibilidade com o senso estético daquele período. Sobre Baile na Roça, Portinari afirmou: “quando comecei a pintar senti que devia fazer a minha gente e cheguei a fazer o Baile na Roça”. Pertencente a uma coleção particular, a obra ficou perdida por 50 anos.

Seringueiros (1954)

Obra feita em têmpera sobre tela, Seringueiros trata-se de um painel de composição simples. Apresenta uma dupla de homens trabalhando em meio à floresta amazônica. Um deles está abaixado e segurando um montante de látex coagulado acima da cabeça. O outro trabalhador está fazendo cortes na árvore para obter a seiva. Existe uma contraposição entre a representação da mata e do chão – em formas abstratas – enquanto os homens estão pintados no estilo realista.

Samba (1956)

Pintura feita em óleo sobre tela, Samba resulta do período de 28 anos que Candido Portinari passou no Rio de Janeiro. Há nesta composição a simplicidade cotidiana do povo. A harmonia do próprio samba emana da tela, representada por um homem dedilhando um violão, um menino com o braço levantado querendo tocar; e quatro mulheres dançando, uma delas com um chocalho e a outra batendo palmas, ambas no ritmo da música. Samba é, acima de tudo, uma obra que representa culturalmente os morros cariocas, tendo sido uma temática bastante vista na obra de Portinari anterior aos anos 1950.

Café (1935)

Pintura em óleo sobre tela, Café é considerada a obra prima de Portinari. Influência de seu nascimento em uma fazenda de café, a obra apresenta o trabalho duro e o cotidiano das mulheres e homens na plantação. Presente no Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), os elementos da obra destacam a exploração dos trabalhadores por meio da representação dos corpos rígidos, pés e mãos agigantadas, indicando a força que estas pessoas empregavam em trabalhos braçais. Com esta tela, Candido Portinari recebeu um prêmio internacional.

Retirantes (1944)

Candido Portinari. Retirantes. 1944. Na obra Retirantes, Portinari retrata uma família de migrantes que foge da miséria no campo em busca de melhores condições de vida no sudeste durante o processo de urbanização do país.

Obra presente no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), feita em óleo sobre tela. Retirantes apresenta cinco crianças e quatro adultos à frente da paisagem do sertão nordestino. São pessoas com traços sofridos, que expressam dor e cansaço extremo, sendo que a paleta de cores sombria reforça estes aspectos. Retirantes enquadra-se na representatividade de figuras do povo, que formaram o Brasil, o típico homem da terra que tanto caracterizou a obra de Portinari.

Uma história relacionada a esta obra ocorreu em 1946, quando Portinari fazia uma exposição em Paris. O duque de Windsor, ao ver os trabalhos do artista e suas temáticas sociais, perguntou se não havia uma tela com flores, para que ele comprasse. Sem hesitar, o artista brasileiro respondeu: “Flores, não. Só tenho miséria”.

Fontes:

Retrato de Portinari/Antonio Callado; com reproduções de obras de pintor e fotografias – 3.ed.rev. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2003

Banco Central do Brasil. Candido Portinari em Obras. -2.ed.- Brasília: BCB, 2009, 155p.: il.color.

AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Curitiba: Editora UFPR, 1997.

https://www.museucasadeportinari.org.br/

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