A técnica conhecida como Murano tem início na Itália, em tempos distantes, particularmente em Veneza. Esta concepção artesanal da arte do vidro era restrita a algumas famílias tradicionais, as quais transmitiam de geração em geração esta ciência milenar, com todos os seus meandros secretos. Mesmo atualmente vêem-se os mesmos grupos familiares cultivando este ofício, residentes no mesmo lugar onde estas pessoas foram exiladas, em 1291, para que não se perdesse o segredo desta tarefa artesanal, na ilha Murano.
Assim, as famílias tinham que permanecer nesta localidade, sem jamais deixá-la, sob pena de perder a própria vida, sob o domínio dos governantes venezianos. O fato é que esta forma de soprar o vidro e, desta forma, produzir peças de rara beleza, foi cada vez mais aperfeiçoada pelas fundições, processo estimulado pelo espírito competitivo que reinava entre as casas produtoras do Murano. Os produtores começam como principiantes e depois de muito labor e inventividade eles se transformam em mestres.
As famílias de artesãos buscam sempre formatos e cores originais para obterem vidros cada vez mais belos. Os Barovier são considerados os mais criativos e conhecidos por suas obras, seja pelos vidros límpidos, esmaltados em tons azuis, vidros madrepérola, ou pelos vidros avermelhados corneliano e murrini, que conferem ao material um aspecto semelhante ao do mosaico.
Do mecanismo de fusão dos metais até a conclusão da produção do murano, podem transcorrer três dias, variando conforme o nível de dificuldade oferecido pela peça. Antes de tudo o material concreto, como a areia de quartzo e o chumbo, dentre outros, são dispostos em um forno a uma temperatura de quase 1.500 graus centígrados, convertendo-se em uma substância em estado de brasa.
O próximo passo consiste em extrair esta massa com um instrumento intitulado ‘cana’ de assopro. Ela esfria também no interior de um forno, o qual diminui o calor aos poucos, até que o material resultante possa ser manipulado pelo artesão, quando se encontra por volta de 1.250 graus. Este processo se desenrola mais ou menos por 20 a 40 minutos, mas às vezes é possível transcender uma hora, em virtude de elementos mínimos do desenho. O produto final é então burilado – uma tarefa que leva de três a quatro horas para ser realizada.
Ver as peças fundidas no fogo e nele modeladas é um evento de rara beleza. Esta produção é sempre tão requerida por aqueles que desejam enriquecer o ambiente, muitas vezes com peças exclusivas, no formato e nas tonalidades, criando assim uma atmosfera elegante e sofisticada, que não se admira esta arte ter transformado Veneza em uma cidade rica e poderosa já nos primórdios desta técnica.
Esta técnica foi trazida para o Brasil nos anos 50, cabendo aos irmãos Antonio Carlos e Paulo Molinari serem os responsáveis pelo desenvolvimento desta técnica nas terras brasileiras. Eles foram aprendizes do mestre italiano Aldo Bonora, que havia adaptado uma fábrica de vidro não mais utilizada para iniciar a elaboração de obras em murano. Os irmãos logo demonstraram todo o talento que possuíam, edificando algum tempo depois sua própria produtora desta arte do vidro, a Molinari Design, que não tardou a se expandir.
Fontes
http://www.edukbr.com.br/artemanhas/murano.asp
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/imobiliario/conteudo.phtml?tl=1&id=809695&tit=Murano-a-arte-em-vidro