Importante conquista evolutiva dos artrópodes, o exoesqueleto (do grego, exos, fora) é uma estrutura rígida que recobre o corpo desses animais total ou parcialmente, conferindo proteção aos órgãos internos e suporte à musculatura. Conforme o animal cresce ao longo do seu ciclo de vida, esse exoesqueleto é trocado, processo que recebe o nome de ecdise ou muda.
A ecdise pode ocorrer diversas vezes na vida de um animal, número ilimitado que varia de espécie para espécie. O mecanismo é ditado pela atuação de dois hormônios: o ecdisônio, que desempenha a função de estimular as células epiteliais a darem início ao processo de ecdise; e o hormônio inibidor de muda (MIH, do inglês, Moulting Inhibitor Hormone), que, como o próprio nome já elucida, age deforma contrária ao ecdisônio. Todo o ciclo ocorre em 4 etapas:
- 1º. Pró-ecdise – etapa que antecede a muda, na qual o animal se prepara para libertar um exosesqueleto, substituindo-o por outro. Nessa fase, o corpo do animal retém água e ar, o que facilita a sua sustentação durante a troca e exerce uma pressão que ajuda no rompimento da carapaça velha.
- 2º. Ecdise – troca efetiva dos exoesqueletos, ou seja, a etapa em que o esqueleto antigo é descartado, dando lugar a um novo.
- 3º. Pós-ecdise – etapa posterior à muda, em que o animal aumenta de tamanho e tem seu novo exoesqueleto endurecido gradativamente.
- 4º. Intermuda – compreende o período entre uma muda e outra, em que o animal armazena nutrientes para se preparar para o recomeço de todo o ciclo. O crescimento efetivo do animal ocorre nessa fase.
Existem basicamente dois fatores ambientais que muito interferem nesse ciclo: temperatura e disponibilidade de nutrientes. A variação de temperatura altera o metabolismo do animal, o que pode antecipar ou adiar o ciclo. Como o animal necessita de uma grande quantidade de energia para realizar a muda, é preciso haver, também, uma boa disponibilidade de nutrientes. Se a quantidade de alimento disponível é insuficiente, a muda é retardada, pois, dessa forma, o animal não consegue suprir os gastos de energia após o processo.
Com o envelhecimento do animal e o alcance da sua atividade reprodutiva, a sua capacidade de realizar as trocas de carapaças cessa. Isso acontece porque, antes da fase adulta, o animal utiliza a energia proveniente dos alimentos para seu crescimento, ao passo que, na idade sexual, essa energia será necessária para a produção de órgãos e células reprodutivas.
Além de um significativo aspecto da evolução dos artrópodes, a ecdise representa, ainda, um importante valor adaptativo, uma vez que possibilita a adequação desses animais a vários tipos diferentes de ambientes. Por outro lado, essa propriedade pode trazer algum prejuízo para o ser vivo, já que, após a muda, o animal se encontra vulnervál por determinado período (devido ao alto gasto de energia) o que facilita o ataque de predadores naturais.
Veja o processo completo de ecdise da cigarra da foto acima:
Referências
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioartropodes.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecdise
http://www.qualibio.ufba.br/024.html