Ano Sideral e Ano Tropical

Por Ricardo Normando Ferreira de Paula
Categorias: Astronomia
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Habitualmente, nas escolas de Ensino Médio, durante o estudo de Gravitação, insere-se um pequeno apêndice sobre as noções de Astronomia. Contudo, é preciso salientar algo que não fica bem claro para os alunos que têm acesso a este assunto. É  a definição de ano. Grosseiramente, tratamos o ano como sendo o intervalo de tempo entre 365 dias. Mas o assunto não é bem assim.

Desde o início da humanidade, criar um calendário não foi tarefa tão fácil para as mais variadas comunidades que nos antecederam. E o motivo para que isto acontecesse foi muito simples: sendo o ano um intervalo de tempo entre dois eventos, esse intervalo de tempo não é um valor inteiro, isto é, segundo KEPLER e SARAIVA (1993) o “ano [...] não é um múltiplo exato da duração do dia ou da duração do mês”. Por este motivo, passam a existir dois tipos de ano: o Ano Sideral e o Ano tropical.

Ano Sideral

Define-se o Ano sideral como sendo o período de revolução da Terra em torno do Sol relativamente às estrelas. Em termos de dias, podemos dizer que se refere a 365,2564 dias solares médios, ou 365d 6h 9m 10s. Observe que existe um excedente em relação aos 365 dias e corresponde a, aproximadamente 6h. Em KEPLER  e SARAIVA (1993) encontramos o seguinte fragmento: “No antigo calendário romano, o primeiro dia do mês se chamava calendas, e cada dia do mês anterior se contava retroativamente. Em 46 a.C., Júlio César mandou que o sexto dia antes das calendas de março deveria ser repetido uma vez em cada quatro anos, e era chamado ante diem bis sextum Kalendas Martias ou simplesmente bissextum. Daí o nome bissexto.” Em linhas gerais, esta defasagem de, aproximadamente 6h, deveria ser acumulada por quatro anos e corrigida em uma única vez: 4 x 6h = 24h, ou um dia a mais no mês de fevereiro, ou o dia 29 de fevereiro.

Ano Tropical

Ano tropical também é relacionado ao movimento de revolução da Terra. Contudo, a referência desta vez é o Equinócio Vernal, isto é, a referência é o inícios das estações. O período compreendido é de 365,2422 dias solares médios, ou 365d 5h 48m 46s. A diferença entre o ano tropical e o ano sideral se deve ao movimento de precessão da Terra. Perceba que o ano tropical é levemente  menor do que o ano sideral. O nosso calendário se baseia no ano tropical.

Nosso modelo atual de calendário (contagem dos anos) está fundamentado no modelo romano. No entanto, o ano romano era lunar, ou seja levava-se em conta o período de revolução da Lua, cujo período sinódico é de 29,5 dias. Sendo assim, um mês tinha 29 dias e o outro 30 dias, o que totalizava 354 dias no ano. Sendo assim, era necessário inserir a cada três anos, um décimo terceiro mês, o que , com o passar dos anos se tornou irregular. Com base neste e em outros motivos, o calendário foi modificado duas vezes: a primeira em 46 a.C. orientado pelo astrônomo alexandrino Sosígenes e a segunda em 1582 d.C durante o papado de Gregório XIII, em virtude de problemas com a data da Páscoa. Daí o nome de Calendário Gregoriano.

Finalmente, com relação ao séculos, observe que em relação ao dois primeiros dígitos correspondentes ao ano (ano com quatro dígitos), o século é dado pelo número formado pelos dois primeiros dígitos mais 1. Ou seja: se tomarmos o ano de 1857, os dois primeiros dígitos formam o número 18 que, acrescido da unidade, resulta 19. Ou seja, os anos de 1801 à frente corresponde ao século XIX. Mas a partir de 1801, já que não houve ano zero, e, portanto, o século I começou no ano 1. Muito tempo depois, somente em 550 d.C. os matemáticos hindus deram uma representação numérica ao número zero.

Fonte:
Astronomia e Astrofísica. Kepler de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira Saraiva
http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/astroposicao.html

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