Astrolábio

Por Felipe Fantuzzi
Categorias: Astronomia
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O astrolábio é um instrumento antigo que serve para medir a altura dos astros acima do horizonte. É o resultado prático de várias teorias matemáticas desenvolvida pelos gregos – em especial Hiparco (180-120 A.C.), um dos grandes matemáticos da Antiguidade – e difundido por Ptolomeu (85-165), em seu famoso trabalho Almagesto. Foi posteriormente desenvolvido pela escola islâmica, no século IX, para enfim ser adaptado pelos portugueses para a navegação, com a criação do astrolábio náutico.

Astrolábio. Foto: a40757 / Shutterstock.com

Astrolábio. Foto: a40757 / Shutterstock.com

A grande contribuição de Hiparco para a posterior construção do astrolábio foi ter formalizado a projeção estereográfica como método para resolver problemas astronômicos complexos sem usar trigonometria esférica. Quando e onde este trabalho de Hiparco foi realmente aplicado na construção de um astrolábio é algo que ainda não se sabe. Theon de Alexandria (335-405) escreveu um tratado do astrolábio, por volta do ano de 390. Na mesma época, Sinésius de Cirene (378-430) descreve um instrumento vagamente semelhante a um astrolábio. Entretanto, apenas no século VI, com Philoponos de Alexandria, é que se consegue ter uma descrição em documento da construção e utilização de um astrolábio.

O astrolábio foi desenvolvido para resolver diversos problemas geométricos, como calcular a altura de uma construção ou a profundidade de um poço – não apenas para problemas astronômicos. Era composto por um disco graduado, onde estavam colocadas várias lâminas circulares. Essas lâminas eram graduadas à superfície das suas margens, o que permitia determinar, por exemplo, a altura dos astros.

O astrolábio foi introduzido no mundo islâmico nos séculos VIII e IX, através de traduções dos textos gregos. Foi desenvolvido inteiramente durante os primeiros séculos do Islam. Era um instrumento muito valioso no Islam por causa de sua capacidade de determinar as horas do dia - e, portanto, a hora de oração - e também auxiliava na determinação da direção para Meca. Vale ressaltar que a astrologia era um elemento intrínseco na cultura islâmica, e esse também foi um dos principais usos do astrolábio.

O astrolábio se mudou com os islâmicos do norte da África para a Espanha, onde então foi introduzido na cultura européia, sendo amplamente utilizado pelo continente nos séculos XV e XVI, onde foi adaptado para a navegação, com o desenvolvimento do astrolábio náutico de metal, pelo astrônomo Abraão Zacuto, em Lisboa.

Astrolábio Náutico

O astrolábio náutico foi a simplificação do plano e permitia apenas medir a altura dos astros. Inicialmente tinha a configuração da face posterior dos planos, no entanto e com a experiência dos navegadores ganhou uma nova forma. Deixou de ser fabricado em chapa de metal ou madeira e passou a fundir-se em liga de cobre, de modo a que o seu peso o sujeitasse menos ao balanço do navio.

O uso do astrolábio teve seu declínio na segunda metade do século XVII. A invenção do relógio de pêndulos e outros instrumentos científicos mais acurados, como os telescópios, passaram a ser disponíveis. A produção do astrolábio continuou até o século XIX, particularmente no mundo árabe. Nos dias de hoje, os astrolábios são construídos apenas por curiosidade ou diversão, embora seu valor educacional continua sendo muito apreciado.

Referências

[1] Morrison, J. J. E. Astrolabe History. Disponível em http://astrolabes.org/history.htm. Acessado em 25 de novembro de 2009.

[2] Monteiro, Paulo. De que falamos quando falamos de astrolábios? Instituto de Matemática e Arte de São Paulo, 2008.

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