Coruja

Graduação em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2014)

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Corujas são aves pertencentes à Ordem Strigiformes com padrões bastante característicos de comportamento, morfologia e anatomia. Apresentam hábito predominantemente noturno e são predadoras de animais invertebrados e vertebrados. São encontradas em todos os continentes, com exceção da Antártida. Atualmente são descritas cerca de 210 espécies de corujas, das quais 24 já foram registradas no Brasil. Apresentam uma grande variação de tamanho, sendo que no Brasil temos desde os pequenos caburés (cerca de 60 g) até os jucurutus (Bubo virginianus) com cerca de 1 kg. Suas penas são lubrificadas por um óleo à prova-d’água que elas passam no corpo, tornando-as impermeáveis.

Coruja buraqueira. Foto: USGS / via Wikimedia Commons (domínio público)

Coruja buraqueira. Foto: USGS / via Wikimedia Commons (domínio público)

Roedores silvestres e insetos constituem as principais presas da maioria das corujas, e uma série de adaptações garantem as refeições destes animais. Os olhos das corujas são grandes e voltados para frente. Sua cabeça pode girar até 270 graus para ampliar o campo de visão. Veem muito bem tanto durante o dia quanto durante a noite, porém são incapazes de enxergar na ausência total de luz. A audição também é muito bem desenvolvida e muito utilizada na caça. Na maioria das vezes a presa é detectada pela coruja através dos ruídos produzidos durante a locomoção no solo ou na vegetação. Nesse momento, a plumagem macia e a ”dentadura” que possuem nas penas deixam o ar fluir livremente e, pela falta de impacto, reduz o ruído da batida das asas e permite a aproximação da presa através de um voo extremamente silencioso. Possuem bicos curvos e garras muito fortes com unhas encurvadas e afiadas para capturar e matar as presas, que na maioria das vezes serão engolidas inteiras. As partes não digeríveis, como carapaças de insetos, pelos, e ossos, são regurgitadas. As corujas são importantes agentes na integridade das comunidades, pois evitam a superpopulação das presas e eliminam indivíduos defeituosos.

O período reprodutivo desses animais ocorre durante a primavera em climas temperados e durante o ano todo nos trópicos. Os machos, menores do que as fêmeas, selecionam o local do ninho de acordo com a abundância de recursos para a reprodução, e tentam conquistar as fêmeas pela qualidade de seu território e/ou por presentes nupciais (presas) apresentados durante o cortejo. Raramente constroem ninhos, utilizando quase sempre pequenas depressões no chão, cavidades em troncos ou até mesmo ninhos ou cavidades feitas por outros animais. A fêmea coloca de dois a três ovos que serão incubados por ela durante um período de 20 a 30 dias. Após o nascimento dos filhotes, ambos os pais participam do cuidado da prole.

Apesar das corujas estarem no topo, ou próximo dele, na teia alimentar, algumas espécies, principalmente as menores, podem ser predadas por outros animais, como gaviões e alguns mamíferos. Quando se sentem ameaçadas, esses animais podem utilizar estratégias de defesa ativa e passiva. Na defesa ativa a coruja emite vocalizações de alarme e dá voos rasantes sobre o predador. No caso da defesa passiva, a coruja eriça as penas para “inflar” o corpo e estala o bico na tentativa de amedrontar e espantar a ameaça.

As corujas estão divididas em duas famílias:

  • Tytonidae: possui apenas a espécie Tyto furcata, conhecida como coruja-da-igreja por nidificar em torres de igrejas e residências. Ocorre em todos os continentes, exceto nos polos, e em todo o Brasil. São grandes caçadoras de ratos e por isso desempenham um importante papel no controle de pragas urbanas.
  • Strigidae: compreende todas as outras espécies de corujas, das quais podemos destacar a coruja buraqueira (Athene cunicularia), espécie mais comum e conhecida no Brasil. É uma ave terrícola de hábitos diurnos, porém mais ativa no início da noite. Habita ambientes abertos e nidifica em tocas no chão feitas por outros animais, geralmente tatus.

Bibliografia:

Karina Felipe Amaral- Composição e Abundância de Corujas em Floresta Atlântica e sua relação com variáveis de habitat- Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ecologia como requisito à obtenção do título de mestre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007

José Carlos Motta-Junior, Adriana de Arruda Bueno & Ana Cláudia Rocha Braga- Corujas Brasileiras- Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

Alyne Perillo, Marina Bonde Queiroz, Luiz Gabriel Mazzoni & Rodrigo Morais Pessoa- Padrões de atividade da coruja-buraqueira, Athene cunicularia (Strigiformes: Strigidae), no campus da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, e comentários sobre um peculiar comportamento de estocagem de alimento - Atualidades Ornitológicas On-line Nº 160, 2011.

http://www.wikiaves.com.br/coruja-da-igreja

http://www.wikiaves.com.br/strigidae

Arquivado em: Aves
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