A ema – Rhea americana – é uma ave nativa e a maior da América do Sul, mas devido a sua carne passou a ser exportada para criadouros em outros lugares do mundo. Na América do Sul pode ser encontrada no Brasil, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no sul da Bolívia. No Brasil, ocupa as regiões campestres e cerrados, uma vez que haja corpos de água para os animais, encontradas no sul do Pará, no nordeste (incluindo o Maranhão), no centro-oeste, sudeste e sul. As maiores concentrações de populações naturais estão nos estados do Mato Grosso e Goiás.
O macho e a fêmea podem atingir 35 e 32 kg e 170 e 134 cm de altura, respectivamente. Existe um leve dimorfismo sexual: o macho adulto tem a cabeça mais perfilada e o pescoço mais grosso, sendo negros na base do pescoço, o peito e a parte mediana do dorso anterior; o restante da plumagem tem coloração igual das fêmeas em tons de cinza.
As emas são animais terrestres que não conseguem voar, ao se sentir ameaça a espécie foge a grandes velocidades (a passos de 1,5 m de distância e média de 60 km/h), correndo em zigue-zagues controlados pelas asas, que são alternadamente abaixadas e levantadas. Corridas em linha reta, sem a utilização das asas também são comuns.
Apresentam uma dieta onívora, onde os adultos e os filhotes se alimentam de folhas, frutos, sementes, insetos e pequenos vertebrados (lagartixas, rãs, cobras, etc.). Pastam lentamente e ingerem pedras e outros objetos para auxiliarem a trituração e digestão mecânica dos alimentos já que não os mastigam, necessitam de extensas áreas para forrageio.
É uma ave que vive em grupos mistos de machos e fêmeas, com adultos e jovens, normalmente em número acima de 5 a 30 indivíduos, mas grupos com mais de 100 aves já foram observados por pesquisadores. Reproduzem de julho a setembro. Nessa época, os grupos se separam em pequenos bandos e os machos vocalizam durante essa época e é possível verificar agressividade entre os machos. Após o acasalamento, os machos constroem os ninhos e aguardam pelas fêmeas para realizarem a postura dos ovos, os ninhos podem chegar a conter 56 ovos, mas em média são observados 26 ovos por ninho. Cada fêmea põe entre quatro e cinco ovos. Logo após a postura, as fêmeas se separam do grupo do macho que já acasalou e acasalam com novos machos. A incubação dos ovos e o cuidado parental é tarefa exclusiva dos machos.
Os principais predadores das emas na natureza são o lagarto teiú, o cachorro-do-mato-vinagre, o lobo-guará, onça-pintada, alguns gaviões e até cachorros domésticos que conseguem ferir gravemente as aves apesar de muitas vezes não se alimentarem delas. A IUCN (União Internacional de Conservação da Natureza) classifica as emas como quase ameaçada, sendo os principais fatores de ameaça: as intervenções humanas na paisagem, tais como drenagem de áreas úmidas e mudanças nos cursos dos corpos d’água, a caça para alimentação e comércio de pele. Entretanto, no Pantanal, não pode ser considerada ameaçada de extinção, pois ainda existe um número de indivíduos considerado satisfatório. Sua densidade populacional foi estimada em, aproximadamente, 6.500 indivíduos em toda a planície pantaneira. Em âmbito nacional, verifica-se que estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná não conseguem manter populações viáveis dessa ave na natureza.
Bibliografia:
AZEVEDO, C.S. de. 2010. Ecologia, Comportamento e Manejo de Emas (Rhea americana, RHEIDAE, Aves). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
NUNES, A.P. 2010. Estado de Conservação da Avifauna ameaçada de extinção ocorrente no Pantanal, Brasil. Atualidades Ornitológicas On-line Nº 157 - Setembro/Outubro 2010.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/aves/ema/