Café

Graduado em Ciências Biológicas (UNIOESTE, 2017)

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O café é um fruto produzido pelo cafeeiro. Essa planta teve sua origem na África, mais especificamente nas regiões de Cafa e Enária. Foi a partir dessas regiões que surgiu o nome “café”, que é uma palavra originada da palavra Cafa.

Reza a lenda, que o café passou a ser consumido após um pastor etíope observar uma mudança no comportamento de cabras após se alimentarem de folhas de cafeeiro, segundo pastor, as cabras ficavam mais vívidas após comerem a planta.

Entretanto, não há indícios sobre a veracidade dessa história, o que realmente se sabe é que o café servia como alimento para escravos que eram transportados do Sudão e da Arábia através do porto Moca, sendo essa uma das vias de disseminação dessa planta. Os primeiros indícios cultivo do café datam do século XV na região do Iêmen.

A disseminação do café na Arábia mudou completamente o mercado da região, a prova disto é que havia uma lei que proibia o transporte de café na forma de frutos para outras regiões, assim, apenas a Arábia teria direito ao cultivo e produção em larga escala dessa planta.

Com passar do tempo o café chegou na Holanda, e daí em diante se espalhou para outros países, principalmente na França, Inglaterra e Estados Unidos. No Brasil, o café chegou em 1727 e por um bom tempo se tornou o principal produto do mercado exportador brasileiro, tendo como principais pontos de produção os estados de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Botânica

O café é uma planta pertencente à família Rubiaceae, que possui cerca de 610 gêneros com mais de 13 mil espécies. As primeiras descrições taxonômicas do café foram feitas por Lineu, no ano de 1737, que nomeou a espécie como Coffea arábica, entretanto, é possível encontrar na natureza diversas outras espécies, como é o caso da C. Canephora, C. congensis, C. humilis, C. brevipes, C. liberica e outros.

Com avanço científico, trabalhos moleculares envolvendo o café foram produzidos, com isso, conseguiu-se determinar que o café é pertencente à família Rubiaceae, subfamília Ixoroideae, com os gêneros Coffea L. e Psilanthus, as quais são formados por cerca de 124 espécies nativas do continente Africano, Asiático e Oceânico.

Coffea e Psilanthus apresentam árvores e arbustos perenes com madeira densa; suas flores são hermafroditas, tendo corola brancas ou roseadas; o seu fruto é uma drupa com duas sementes que são responsáveis pelos grãos de café.

Importância econômica

As principais espécies de café comercializadas atualmente são Coffea arábica (Café arábico - 60% da produção mundial) e Coffeae canéfora (café robusta). Vale destacar também a Coffea libérica (café libérico) e Coffea dewerei (café excelsa) produzidas em menor escala.

Segundo a Organização Internacional do Café (2020), o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, fazendo com que esse fruto seja um dos principais produtos econômicos do agronegócio brasileiro.

Atualmente os estados com maior produção de café no Brasil são Minas gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia e Rondônia. Estima-se que cerca de 2.15 milhões de hectares são dedicados a produção do grão; sendo que o C. arabica representa mais de 80% do cultivo brasileiro.

Benefícios à Saúde

O consumo do café está majoritariamente relacionado com o seu efeito estimulante e fatores organolépticos (fatores que podem ser percebidos pelos sentidos: olfato, paladar e outros). Entretanto, seus efeitos ainda não são totalmente descobertos pela ciência, uma vez que cada organismo reagirá diferente sob o efeito do café.

Inúmeros fatores como espécie, torra, modo de consumo e outros, influenciam no efeito do café no corpo, por isso é difícil determinar com certeza os benefícios e malefícios desse fruto para a saúde. O que se sabe é que o café vem se mostrando benéfico para algumas doenças, como diabetes tipo II, asma, cirrose, Parkinson e Alzheimer.

Estudos apontam que pode haver uma associação do café com alguns graus de depressão e risco de suicídios. Isso, pois segundo os pesquisadores, o café age de maneira positiva na modulação do humor através da inibição de enzimas responsáveis por metabolizar serotonina e nora-adrenalina (hormônios responsáveis pelo bem-estar). Além disto, derivados do café, como é o caso do ácido cafeico, apresentou características ansiolíticas e antidepressivas em camundongos sujeitos a stress.

Leia também:

Referencias:

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