Alexandre Herculano de Carvalho Araújo, (Lisboa, 28 de Março de 1810 – Santarém, 18 de Setembro de 1877), foi um escritor, historiador e jornalista português. Em Portugal, é considerado um dos principais autores do romantismo – movimento artístico, político e filosófico que dominou a Europa entre os séculos XVIII e XIX.
Com origem em uma família de classe média, sua situação ficou mais humilde quando seu pai perdeu a visão, tendo que abandonar o trabalho. Por conta disso, acabou por não frequentar a universidade, mas fazendo um Curso de Comércio em 1830 e posteriormente ingressando no Curso de Diplomacia na Torre do Tombo – arquivo central do Estado Português, criado em 1378. Estudou também francês, alemão e inglês, e embora não tenha se tornado fluente nestas duas últimas línguas, a familiaridade com tais idiomas tornou Herculano mais receptivo às literaturas inglesa e alemã.
Sua infância e adolescência foram marcados pelo momento histórico em que cresceu: a Guerra Peninsular, as invasões francesas em Portugal e a propagação dos ideais liberais, que resultaram na Revolução de 1820. Partilhando destes ideais, Herculano lutou contra o retorno de uma monarquia centralizadora em Portugal.
Com apenas 21 anos, participou de uma revolta contra o governo miguelista, em agosto de 1831. Após o fracasso da revolta militar, embarcou em um navio francês, saindo para o exílio na Inglaterra e posteriormente na França. Em Rennes, Herculano frequentou a biblioteca pública da cidade e familiarizou-se com a literatura francesa. Em 1832, alistou-se ao exército liberal, dirigindo-se aos açores e então ao Porto, participando do cerco da cidade. No Porto, de 1833 a 1836, exerceu o cargo de diretor da Biblioteca Pública Municipal da cidade.
Após sua saída da Biblioteca do Porto, retornou a Lisboa e começou a realizar diversos trabalhos jornalísticos. Foi convidado para ser diretor e redator de O Panorama, principal revista de divulgação da arte do romantismo em Portugal e meio pelo qual Herculano publicou várias de suas obras, sejam os seus estudos de natureza histórica ou as suas obras literárias, posteriormente transformadas em livros: A Abóbada, Mestre Gil, O Pároco de Aldeia, O Monge de Cister e O Bobo. Como jornalista, fundou dois jornais: O País, em 1851, e O Português, em 1853.
Herculano foi deputado pelo Partido Cartista, em 1840. Entretanto, sua repulsa às tramas do mundo político, juntamente de sua dificuldade de falar em público, tornaram curta sua passagem pelo parlamento português.
Entre 1846 e 1853, Herculano escreveu a História de Portugal, uma de suas principais obras e considerada a primeira do tema escrita com expressivo rigor científico, sendo o resultado da investigação documental feita pelo próprio escritor nos anos anteriores. Herculano tinha a intenção de seguir com a historiação até a chamada Restauração da Independência portuguesa, em 1640. Porém, os primeiros volumes publicados geraram fortes reações no país, impedindo que a publicação prosseguisse para além do reinado de D. Afonso III, com término em 1279.
Herculano também participou dos trabalhos de redação do Código Civil, defendendo a separação entre o casamento civil e o casamento religioso, gerando incômodo junto aos membros do clero.
Em 1867, Herculano casou-se com Mariana Hermínia de Meira. Após o casamento, o escritor recolhe-se à Quinta Vale dos Lobos, na cidade de Santarém, buscando uma vida mais tranquila e dedicando-se à agricultura, produzindo o famoso Azeite Herculano. Faleceu em 18 de setembro de 1877 em decorrência de pneumonia, encontrando-se sepultado em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, desde 1978.