O escritor Antônio Torres nasceu em um lugarejo anteriormente conhecido como Junco, hoje denominado Sátiro Dias, no interior do estado baiano, no dia 13 de setembro de 1940. Seus dons literários despertaram logo cedo, graças ao empenho de sua mestra em uma singela escola rural.
Não demorou muito para que ele passasse a redigir a correspondência dos habitantes de sua terra natal e a assessorar o pároco local nas missas regadas a latim. Ainda criança Antônio se mudou para a cidade de Alagoinhas, na qual realizou seus estudos ginasiais. Posteriormente ele se transferiu para Salvador, exercitando aí a prática jornalística no Jornal da Bahia.
Ao completar 20 anos ele foi para São Paulo e atuou como jornalista e publicitário, conquistando um emprego no veículo impresso Última Hora. Antônio viajou por diversos países, ficando três anos em Portugal e, ao voltar para o Brasil, fixou-se no Rio de Janeiro, residindo hoje em Itaipava, Petrópolis.
Ele contraiu matrimônio, em 1972, com a doutora em literatura comparada Sonia Torres, a qual leciona na UFF, Universidade Federal Fluminense. Eles têm dois filhos, Gabriel e Tiago. O escritor iniciou sua trajetória literária aos 32 anos, quando publicou seu primeiro livro, Um cão uivando para a Lua, sucesso de crítica, que o transformou na grande descoberta do ano.
Sua segunda publicação, Os Homens dos Pés Redondos, reforçou o respeito dos críticos por seu trabalho, mas sua obra-prima, Essa Terra, foi lançada apenas em 1976. Esta história tem um tom claramente autobiográfico, e enfoca a problemática da migração de nordestinos à procura de novas oportunidades, de uma existência mais digna na imagem ilusória da cidade grande do Sul, particularmente São Paulo.
Torres é atualmente considerado um dos melhores autores da geração contemporânea. Sua obra já foi publicada em países como Itália, Argentina, México, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Bélgica, Holanda, Israel, Bulgária, dentre outros. A Editora Record, ancorada no estrondoso sucesso de Essa Terra, lançou em 2001 uma edição comemorativa, festejando assim os 25 anos deste livro.
Os romances de Torres não são ambientados somente em paisagens rurais, mas também em contextos tipicamente urbanos. Sua literatura tem um estilo particular, considerado essencialmente nômade, pois convida o leitor a colocar o pé na estrada, a transitar entre o universo impresso e o país da imaginação. Não por acaso sua principal inspiração provém do escritor mexicano Juan Rulfo, que cultiva a mesma prática.
Vinte anos depois de criar seu filho dileto, Essa Terra, Antônio decide empreender um retorno ao mesmo cenário na obra O Cachorro e o Lobo, na qual apresenta sua Junco natal subvertida pelo encontro com o mundo moderno. Novamente sua receptividade foi ampla e o sucesso inevitável, tanto no Brasil quanto na França.
Neste país ele recebeu, em 1998, uma insígnia honorífica entregue pelo governo francês, tornando-se assim um Chevalier des Arts et des Lettres, enquanto no Brasil foi agraciado com o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da sua obra, em 2000. Seu livro Meu Querido Canibal foi premiado com o Prêmio Zaffari & Bourbon, da 9a. Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, cidade gaúcha.
Em 2006 Torres concluiu sua trilogia, lançando a segunda seqüência de Essa Terra, o romance Pelo fundo da agulha, o qual conquistou o Prêmio Jabuti e foi um dos finalistas do Prêmio Zaffari & Bourbon.
Fontes:
Conhecimento Prático. Literatura. Número 25. 2009. Editora Escala Educacional.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Torres
https://web.archive.org/web/20130818123540/http://antoniotorres.com.br/vida&obra.htm
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/antonio-torres/