Bartolomeu Bueno da Silva

Por Saulo Castilho

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

Categorias: Biografias, Brasil Colônia
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Bartolomeu Bueno da Silva (1672-1740) foi um explorador paulista e descobridor de jazigos auríferos goianos em 1725. Herdou o nome, bem como a alcunha “Anhanguera” de seu pai. O primeiro Anhanguera, conhecido como “Diabo Velho", notabilizou-se pelas enormes jornadas em terras mato-grossenses e goianas, chegando à cabeceira do rio Tocantins em 1683. A palavra tupi Anhanguera, quer dizer “fantasma” ou “diabo consumado”. Em 1682, aos doze anos, Bartolomeu já participava de sua primeira expedição junto com seu pai.

Em 1701, com a descoberta de ouro em Minas Gerais, estabeleceu-se em Sabará e, mais tarde, em São João do Paraíso e Pitangui. Com a eclosão dos conflitos entre emboabas e paulistas, Bartolomeu mudou-se para a capitania de São Paulo.

Em 1720, já residindo na Vila de Parnaíba, redigiu uma representação ao rei Dom João V sobre o descobrimento de riquezas minerais em Goiás. Representação aprovada em 1721. Ele propôs, com o auxílio de seus genros, voltar à Goiás a fim de descobrir veios auríferos que seu pai havia descoberto naqueles sertões. Pediu em troca a concessão de cobrar as passagens dos rios que dependiam de canoas, para si e seus sócios.

Em 1722, a expedição partiu de São Paulo, sendo composta por 152 homens, dentre os quais 20 índios, três padres – dois beneditinos e um franciscano –, portugueses e mamelucos, em busca da mítica Serra dos Martírios. Anhanguera teria sido o único a vê-la durante a expedição que fizera com seu pai, ainda na infância. O lugar era cercado de mistérios e a lenda era que a natureza teria esculpido ali, na pedra, a coroa, a lança e os cravos da paixão de Cristo.

Anhanguera e seus homens traçaram o caminho que mais tarde viria a ser a estrada de Goiás: atravessando os rios Atibaia, Mogi, Prado e Sapucaí, até o Rio Grande. Após três anos, inúmeras deserções e penúrias, a expedição alcança o Rio Tocantins, contando com setenta homens. Em 1725, no rio Vermelho e no ribeirão das Cabrinhas, perto da atual cidade de Goiás, conseguiu achar ouro em abundância.

Em maio de 1726, voltou a estabelecer-se na área das minas e ganhou o posto de capitão-mor regente das minas descobertas e extensas sesmarias (terras). Estabeleceu o povoamento que, em 1739, foi elevado a vila com o nome de Vila Boa de Goiás, atual cidade de Goiás. Contudo, o cargo de superintendente das “minas dos Goiases” durou até 1734, quando entrou em conflito com o governador e capitão-general de São Paulo, Caldeira Pimentel, e com outros exploradores de ouro. Também foram cassadas as concessões de terras.

Acusado de sonegação de rendas reais, por receber arrobas de ouro do fisco, foi processado e o direito de passagem lhe foi retirado. Perdeu prestígio junto à Coroa e seu poder foi progressivamente sendo limitado, reduzindo-se aos arraias da Barra e de Sant’Anna, em uma clara tentativa de apaziguar as disputas pelo controle das minas.

Anhanguera, escultura em mármore de Luigi Brizzolara (1868 – 1937), feita em 1924. Avenida Paulista, no Parque Trianon, em São Paulo. Foto: Sturm / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

Morte e homenagens

Bartolomeu Bueno da Silva morreu em 19 de setembro de 1740 na vila de Goiás. Sua família empobrecida mudou-se para paragens junto ao rio Corumbá e, posteriormente, seu filho primogênito foi à Portugal reclamar as injustiças e obteve em 1746 a restituição das passagens dos rios Jaguari, Atibaia, Grande, das Velhas e Corumbá.

A grande quantidade de homenagens póstumas demonstra que Bartolomeu foi elevado à herói. Com 453 quilômetros de extensão, a rodovia Anhanguera, em São Paulo, é assim denominada em sua homenagem. O título de explorador e pioneiro no território que viria a ser Goiás contrasta com os métodos brutais de desbravamento e com o terror que levou aos índios goiá.

Referências:

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

TAUNAY, A. História geral das bandeiras paulistas. São Paulo, H. L. Canton, 1924-50.

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil colonial (1500-1800). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

CARVALHO, Franco. Bandeiras e bandeirantes de São Paulo. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1940.

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